Jogos mudam top 10 de ‘atletas influenciadores’ do Brasil
Almir Jr. -@3almirjr no Instagram- ficou em 11º lugar no salto triplo nos Jogos de Paris. Chamou a atenção mais por um gesto que lhe rendeu a atenção da transmissão olímpica de TV para o mundo inteiro
“O esporte olímpico não é uma coisa valorizada. Cara, o dia que eu parar de saltar, zero, se vira. O que é que tu tem depois? E essa é a importância das redes sociais, né? Disso que tá acontecendo. Porque tu consegue acabar trabalhando essa parte.”
Almir Jr. -@3almirjr no Instagram- ficou em 11º lugar no salto triplo nos Jogos de Paris. Chamou a atenção mais por um gesto que lhe rendeu a atenção da transmissão olímpica de TV para o mundo inteiro. Após a prova, ainda na pista, pediu em casamento sua companheira, a influencer Talita Ramos -@taliramos, que tem 1,4 milhão de seguidores no Instagram.
O pedido de casamento rendeu 2.200 comentários no Instagram dela e 936 no dele.
Nos Jogos de Paris, Almir saltou de 161 mil para 203 mil seguidores, um crescimento de 26%.
A declaração acima, dada por Almir logo após a final do triplo, é reveladora da preocupação que alguns atletas passaram a ter com as redes sociais.
A reportagem levantou o número de seguidores no Instagram de 279 atletas da equipe olímpica brasileira nos Jogos, no dia da cerimônia de abertura e no dia do encerramento. Os números revelam algumas curiosidades.
Uma delas é uma mudança no perfil dos atletas olímpicos mais populares. Sai o vôlei, entra a ginástica. Se antes dos Jogos quatro nomes das quadras (Bruno Rezende, Gabi Guimarães, Rosamaria e Thaisa) estavam no top 10, agora não há mais nenhum. Em compensação, a ginástica artística passou de dois (Rebeca Andrade e Arthur Nory) para cinco (Rebeca, Flavia Saraiva, Julia Soares, Jade Barbosa e Lorrane Oliveira).
Em parte, isso se deve ao “efeito medalha”, mas também às campanhas que a CazéTV promoveu para ampliar o número de seguidores de vários atletas uma forma de ajudá-los a obter patrocínio.
E os medalhistas já estão tirando proveito.
Do alto de seus mais de 1 milhão de seguidores somados, Ana Patrícia (640 mil) e Duda (530 mil) postaram ainda em Paris a primeira “parceria paga” pós-ouro olímpico, para uma marca de chinelos de dedo. Beatriz Souza, ouro no judô, postou suas participações nos programas de TV de Luciano Huck e Pedro Bial.
Outros, como Larissa Pimenta, dois bronzes no judô em Paris (individual e por equipes), e Natinha Araújo, do vôlei feminino, trocaram a foto de perfil e agora exibem com orgulho suas medalhas.
No quesito crescimento, ninguém superou Beatriz Souza na delegação brasileira. Ela saltou de 11,4 mil seguidores para 3,3 milhões.
O segundo maior crescimento, em termos percentuais, foi de Valdileia Martins, do salto em altura. Além de conseguir a classificação para a final de sua prova, ela comoveu o público devido à morte do pai, quatro dias antes de disputar a eliminatória no Stade de France. Passou de 1.900 para 207 mil seguidores.
Os medalhistas brasileiros tiveram, na média, um aumento de 842% no número de seguidores. Mas os não medalhistas também tiveram um ganho médio significativo, de 167%.
Quando, em vez da média, se adota como critério de comparação a mediana (o valor exatamente no meio da lista), menos sujeita a distorções, a medalha rende 51% a mais de seguidores, contra 25% sem medalha.
O fenômeno dos atletas-influenciadores parece ser mais acentuado no Brasil que em outros países, onde os heróis olímpicos têm números de seguidores mais modestos.
Noah Lyles, o americano que venceu os 100 metros rasos, tem 1,5 milhão de seguidores, mesmo valor do superjudoca francês Teddy Riner, e só um pouco a mais que outro herói olímpico local, o nadador Léon Marchand, ganhador de quatro medalhas de ouro.
Por outro lado, a superginasta Simone Biles tem 12,5 milhões de seguidores no Instagram, ainda à frente da amiga e rival Rebeca Andrade, apesar da campanha promovida por internautas para a brasileira ultrapassar a americana.
A exposição na mídia, por si, não é garantia de explosão no Instagram. A nadadora Ana Carolina Vieira, desligada da delegação durante os Jogos, acusada de indisciplina, esteve nas manchetes dos jornais e sites, mas isso lhe rendeu 22 mil seguidores novos mesmo assim, um crescimento de mais de 150%.
O esforço dos atletas para bombar nas redes não termina com os Jogos. Ainda no Stade de France, os repórteres brasileiros perguntaram a Almir Jr. quando será o casamento com Talita.
“Acompanha isso nas redes sociais aí. Valeu”, foi a resposta dele.
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Top 10 atletas olímpicos brasileiros com mais seguidores
Em milhões
Posição – atleta – esporte – seguidores
1 – Gabriel Medina – surfe – 14,20
2 – Rebeca Andrade – ginástica art. – 11,3
3 – Rayssa Leal – skate – 9,20
4 – Paulo André – atletismo – 7,60
5 – Flavia Saraiva – ginástica art. – 5,10
6 – Beatriz Souza – judô – 3,30
7 – Marta – futebol – 2,90
8 – Julia Soares – ginástica art. – 2,7
9 – Jade Barbosa – ginástica art. – 1,90
9 – Lorrane Oliveira – ginástica art. – 1,90