ABERTURA

Judoca Ketleyn Quadros e Bruninho serão os porta-bandeiras do Brasil em Tóquio

É a primeira vez que uma dupla terá a tarefa de carregar a bandeira brasileira em uma cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. Os dois vão vestirão no estádio olímpico roupas inspiradas nas cores do Brasil.

A bandeira do Brasil será carregada na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio por dois atletas que conhecem o sabor de ganhar uma medalha olímpica. A uma semana do evento, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) definiu que a judoca Ketleyn Quadros e o levantador Bruninho serão os porta-bandeiras do País. “Seremos a porta-bandeira e o mestre-sala”, definiu Bruninho.

Ambos estão na história do esporte brasileiro. Ketleyn foi primeira brasileira a faturar uma medalha em esportes individuais ao levar o bronze na categoria leve em Pequim-2008, e Bruninho conquistou o ouro com a seleção brasileira masculina de vôlei nos Jogos do Rio, em 2016.

É a primeira vez que uma dupla terá a tarefa de carregar a bandeira brasileira em uma cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. Os dois vão vestirão no estádio olímpico roupas inspiradas nas cores do Brasil. A cerimônia acontece na próxima sexta-feira, às 8h (de Brasília). O evento não terá a presença de público por conta das restrições impostas para evitar a disseminação de covid-19.

Os últimos porta-bandeiras do País em cerimônias de abertura de Olimpíada foram Yane Marques (Rio-2016), Rodrigo Pessoa (Londres-2012) e Robert Scheidt (Pequim-2008). Os dois últimos estarão em Tóquio para sua sétima participação nos Jogos.

A presença de uma dupla formada por um homem e uma mulher como porta-bandeiras é parte de uma estratégia do programa do COB para promover a equidade de gênero. O Brasil terá em Tóquio um recorde de participação feminina na história, com 48,8% de esportistas mulheres.

“Essa é a maior delegação brasileira em uma edição de Jogos Olímpicos fora do país. E nada mais justo que homenagearmos grandes representantes de duas das modalidades que mais deram medalhas olímpicas ao Brasil”, justificou o presidente do COB, Paulo Wanderley Teixeira.

A Ketleyn é uma pioneira no judô, um exemplo de profissional e da filosofia do esporte. Bruninho, apesar de ser filho de dois dos maiores de sua modalidade, conseguiu trilhar o próprio caminho, conquistando três medalhas olímpicas, um feito para poucos, e ainda pode ser orgulhar de ser o capitão numa campanha de ouro. Com eles, mantemos a tradição de privilegiar o respeito, a excelência e a meritocracia e não tenho dúvidas de que os dois representaram muito bem o país na abertura dos Jogos”, completou.

Apaixonada por judô desde criança, época em que faltava às aulas de natação para assistir aos judocas nos treinos, Ketleyn ficou fora dos últimos dois ciclos olímpicos, e está de volta à Olimpíada após 13 anos. Ela será a terceira mulher (depois de Sandra Pires em 2000 e Yane Marques em 2016) na história e também a terceira judoca (depois de Walter Carmona em Seul 1988 e Aurélio Miguel em Barcelona 1992) a carregar a bandeira do Brasil.

“Eu fico me emocionando o tempo inteiro. As conquistas são consequências de quem acredita, de quem constrói apesar das adversidades, de muita dedicação, de muito treinamento, do trabalho de muitas pessoas. Eu olho pra minha carreira e vejo que não ter participado dos últimos dois Jogos Olímpicos me ajudou a crescer, a evoluir e a estar aqui. Sou muito grata e me sinto privilegiada por representar cada um dos brasileiros sendo porta-bandeira”, falou a judoca.

“Tenho 33 anos e uma vida dentro da modalidade. Não falo isso com peso não, eu amo o que eu faço. Acho que vai passar um filme na minha cabeça quando eu tiver lá e saber que tudo que passei, valeu à pena”, acrescentou.

Filho dos ex-jogadores Vera Mossa e Bernardinho, Bruninho ostenta uma das carreiras mais vitoriosas no vôlei mundial. Além do ouro no Rio como capitão, ganhou outras duas pratas pratas, em Pequim-2008 e Londres-2012. Ele será o primeiro representante do vôlei a ter essa distinção. O Brasil é considerado favorito a ficar com o ouro depois de ter vencido a Liga das Nações, em junho, com autoridade.

“Sou um mero representante do que o vôlei significa não só pro esporte, como para o povo brasileiro. Os valores que gerações anteriores deixaram de dedicação, de luta, de garra, de superação é o que levo e me sinto muito honrado. Ser o primeiro é motivo de muito orgulho e fruto desse legado”, resumiu o levantador. Ao receber a notícia, ele primeiro compartilhou, é claro, com seu pai, Bernardinho, um dos responsáveis pelo sucesso do filho no esporte e que treinou a seleção brasileira masculina por 16 anos.

“Depois que soube, contei apenas para algumas pessoas muito próximas, entre eles meu pai, uma pessoa que sempre guiou, que foi muito importante na minha carreira, primeiro como jogador fazendo parte de uma geração pioneira, depois como técnico da geração mais vitoriosa história, que culminou com o ouro olímpico da superação. Representar a todos no maior momento do esporte mundial, eu não sei nem o que dizer, só na hora que vamos sentir na pele essa emoção e será um momento muito marcante”, disse.

Ketleyn competirá no Nippon Budokan a partir do próximo dia 27, enquanto Bruninho fará a sua estreia com a seleção três dias antes, na Ariake Arena, contra a Tunísia.