Mãe de Tite torce para que ele fique na seleção
O presidente eleito da CBF, Rogério Caboclo, que assume em abril de 2019, já fez uma proposta para que o treinador continue no cargo e aguarda apenas uma resposta
“Todos os jogos da Copa eu assisti em casa, e após a última partida eu chorei bastante”, lembrou a mãe do técnico Tite, dona Ivone Mazzochi Bachi, de 82 anos, durante entrevista ao Estado de S. Paulo, em sua residência em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. Em frente ao fogão de sua cozinha, já preparando o almoço, dona Ivone lembrou de ter chorado muito depois da derrota para a Bélgica por 2 a 1, pelas quartas de final do Mundial realizado na Rússia.
“Chorei muito e a ferida ainda está aí, não foi cicatrizada. Cheguei a passar mal. Dois dias depois do jogo, o Ade (maneira como ela se refere a Adenor, o técnico Tite) me ligou e disse: ‘Mãe, não vai pensar que vai passar tão fácil. Dói, dói, mas a vida continua’”. Apesar do trauma, dona Ivone quer que o filho fique no comando da seleção para a próxima Copa em 2022, no Catar. “Nunca impedi o Ade de tomar suas decisões, sempre o deixei à vontade, mas gostaria que ele ficasse à frente da seleção. Não sei se estou errada ou certa em dizer isso, mas quero que ele fique.”
Já o irmão do técnico, Ademir Bachi, o Miro, de 52 anos, afirmou que logo após a derrota do Brasil pela Bélgica, desejou que Tite deixasse a seleção. Segundo ele, os motivos seriam os festejos da população caxiense pela derrota do Brasil. “Eu fiquei muito decepcionado com o povo daqui. Não dava para acreditar, estouraram muitos foguetes celebrando”, lembrou.
“Eu disse para o Tite, num primeiro momento, para ir embora. Depois, minha mãe o aconselhou a ficar. Meu irmão consulta todos os amigos e familiares sobre o tema, e acredito que ele deva seguir em frente no comando da seleção”, disse Miro, que toma conta dos negócios da família e é parceiro e conselheiro do irmão nos assuntos relacionados ao futebol.
O professor de educação física Altemir Roberto Gauer, de 57 anos, é amigo de Tite e foi colega de infância na Escola Estadual Henrique Emílio Meyer, em Caxias do Sul. Ele também espera que Adenor siga em frente com o time brasileiro rumo à Copa do Mundo de 2022. “Acredito que ele deva ficar na seleção brasileira. Para que o trabalho renda e tenha um bom desempenho, é necessário continuidade e um certo tempo. E nada melhor para o futebol que o tempo para arrumar o time e fazer as mudanças necessárias”, falou o amigo.
A mesma opinião é compartilhada por outro amigo de infância de Tite, Álvaro Mentta, de 53 anos, também de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. “Acho que ele deve permanecer como técnico. Assim que a seleção brasileira perdeu para a Bélgica, pensei durante alguns dias que o Tite deveria largar o comando da seleção, mas é necessário solidificar o trabalho. É o que temos de melhor no Brasil no momento, sem desmerecer outros treinadores, claro”, disse Álvaro, que conhece Tite há mais de 40 anos.
A decisão de Tite sobre sua permanência na seleção brasileira pode acontecer nesta segunda-feira. O presidente eleito da CBF, Rogério Caboclo, que assume em abril de 2019, já fez uma proposta para que o treinador continue no cargo e aguarda apenas uma resposta. A tendência é que o técnico diga “sim” para mais um ciclo de trabalho até o Catar.