Ironias, indiretas e provocações. A entrevista coletiva do técnico Mano Menezes após vitória do Corinthians diante do Atlético Mineiro (2 a 0), na noite desta quarta-feira, pôde ser encarada como uma resposta aos críticos e a parte da torcida que pede sua demissão. Ao falar sobre a fala de retranqueiro, injusta, segundo ele, sobrou até para Felipão, ex-técnico da seleção brasileira e atual comandante do Grêmio.
Durante a entrevista no Itaquerão, um repórter citou Felipão numa das perguntas, lembrando que o técnico chamava os ‘corneteiros’ de ‘turma do amendoim’. Mano, no entanto, disse que preferia não dar nome a grupo de torcedores que o critica. Mas se defendeu dizendo que nem sempre é possível montar times ofensivos.
“Já fiz isso aqui, com três atacantes e com Douglas no meio, Cristian e Elias. Em outros momentos, você não pode. Nossa equipe vai se firmando, cada uma tem a sua característica”, afirmou Mano.
“E você (jornalista) citou um técnico que, em um momento, tentou fazer algo que talvez não desse para fazer. Aí você sabe como terminou. Não dá para contrariar a lógica. Eu vou tomar as decisões que acho corretas.” Mano se referia ao massacre que a seleção brasileira sofreu na Copa do Mundo, a derrota por 7 a 1 para a Alemanha.
A vitória desta quarta-feira, por 2 a 0, colocou o Corinthians em vantagem nas quartas de final. O time pode até perder por 1 a 0 no jogo da volta, dia 15, para avançar à semifinal. Mano também usou a ironia para comentar o placar.
“Vamos confiantes a Belo Horizonte para defender a vantagem. A maior vantagem entre todas as equipes após essa rodada (quartas de final). O que é surpreendente para uma equipe que só joga atrás, não é?”, afirmou. “Não concordo com aqueles que dizem que jogamos atrás.”
Na véspera do jogo contra o Galo, torcedores foram ao CT Joaquim Grava. O protesto, sempre ligado às organizadas, reunia integrantes da Camisa 12 e Gaviões da Fiel. Ambas pediam a demissão de Mano. “Vamos ter conviver com isso. Aceitamos uma parte da cobrança, mas isso deve ser feito no tempo e no lugar adequado”, disse o técnico.
Mano também deixou seu futuro em aberto. Seu contrato terminará em dezembro e, em fevereiro, haverá eleições para presidente. O candidato favorito a vencer o pleito, o ex-diretor Roberto de Andrade, defende a troca de treinador.
“Acho que não é hora de falar sobre isso. As pessoas têm de escolher com quem quer trabalhar. Eu também tenho esse direito. Vamos seguir até dezembro, com um trabalho bem-feito. E depois, as partes vão se decidir. Lá e cá”, afirmou.