Copa 2018

“Não vou montar minha equipe pensando apenas no Neymar”, diz técnico da Suíça

A Suíça comandada por ele também vai enfrentar Costa Rica e Sérvia no Grupo E do Mundial que começa três dias antes, em Moscou. Os dois outros adversários importam, mas não como o Brasil.

A seleção brasileira povoa a imaginação de Vladimir Petkovic, 54, desde 1º de dezembro. Foi quando descobriu que estrearia na Copa do Mundo da Rússia contra a equipe de Tite, em Rostov-do-Don, em 17 de junho.

A Suíça comandada por ele também vai enfrentar Costa Rica e Sérvia no Grupo E do Mundial que começa três dias antes, em Moscou. Os dois outros adversários importam, mas não como o Brasil.

Petkovic sabe que é um confronto que pode ser plataforma para seus jogadores começarem bem o torneio. Ou então ficar em situação difícil em caso de derrota. “Vão querer revanche depois do insucesso de 2014”, lembra, citando a derrota de 7 a 1 do Brasil para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo passada.

Bósnio de nascimento, naturalizado suíço e também dono de passaporte croata, Petkovic foi um meia de passagem discreta por equipes dos três países.

Como técnico, se destacou na Lazio (ITA), onde foi campeão da Copa da Itália de 2013. Foi o trabalho que o catapultou para a seleção quando o alemão Ottmar Hitzfeld decidiu se aposentar após a derrota para a Argentina no Mundial de 2014.

Pergunta – O primeiro jogo da Suíça na Copa do Mundo será contra o Brasil, em 17 de junho. Começar o Mundial enfrentando a seleção brasileira é sonho ou pesadelo?
Vladimir Petkovic – Até o sorteio, era um sonho. Hoje temos que pensar como realidade e estar preparados para isso. O Brasil é favorito, mas não vamos entrar em campo derrotados. Entraremos para mostrar que podemos enfrentá-los e conseguir pontos.

P – Jogando em casa, o Brasil foi derrotado por 7 a 1 pela Alemanha na semifinal da última Copa do Mundo. Acredita que os brasileiros entrarão em campo para enfrentar a Suíça no Mundial ainda com essa partida na cabeça?
V.P. – Com certeza vão querer a revanche depois do insucesso de 2014. Brasil é Brasil. É uma das seleções mais fortes do mundo e já demonstrou muitas vezes que pode chegar ao título. É um elenco com muitos jovens de enorme qualidade individual. O Brasil é claro favorito, mas não temos certeza. Vamos querer mostrar que podemos competir contra qualquer seleção que está na Copa do Mundo.

P – Como será a preparação até a estreia no Mundial?
V.P. – Temos seis meses para analisar os adversários, mas não nos concentraremos apenas no Brasil. Há a Sérvia e a Costa Rica também. A nossa prioridade será continuar o processo de desenvolvimento que tivemos até agora. Não apenas pensar nos rivais, mas também em nós mesmos. É questão de acreditar. Em campo, temos de dar mais do que podemos contra o Brasil.

P – A fase individual do meia Xherdan Shaqiri [meia do Stoke City e um dos principais jogadores da seleção suíça] será chave para as pretensões do seu time na Rússia?
V.P. – Não falo de jogadores individuais, mas eles devem saber o que podem fazer e o sacrifício que uma Copa do Mundo exige para quem quer defender a Suíça.

P – O elenco da Suíça está montado para o torneio?
V.P. – Nossa definição das vagas finais vai acontecer nos amistosos de março. Estamos com uma base já formada, mas há nomes jovens que podem ser convocados. Eles poderão demonstrar o valor que têm. Espero que corra tudo bem. Nossa força dependerá de como o elenco estará até junho, mas 99% das seleções que estão no Mundial são fortes. O futebol está mudando e mudou nos últimos anos. Todos têm jogadores de valor.

P – Voltando à estreia contra o Brasil, não é o tipo de jogo em que é preciso conter a empolgação dos jogadores?
V.P. – Sim. Jogar contra o Brasil é o máximo que se pode esperar em uma Copa do Mundo. Uma estreia dessas exige muita concentração. Mais do que seria de se esperar no início do torneio.

P – E qual a fórmula?
V.P. – Isso seria especular. Especulação não se faz. Temos de mostrar em campo. Todo nosso pensamento está na primeira partida contra o Brasil. Deve-se acreditar, trabalhar e no momento certo esperar que o adversário, o Brasil, não esteja no máximo.

P – A sua maior preocupação é com o Neymar?
V.P. – Jogador dessa categoria não se discute. Mas não posso montar o meu time pensando apenas no Neymar.

P – Pelo discurso, podemos presumir que a Suíça tem esperanças contra o Brasil.
V.P. – Não é só o Brasil, não é? Temos a Costa Rica, por exemplo. Em 2014 chegou às quartas de final quando ninguém esperava. Isso é para mostrar a todas as seleções que qualquer equipe pode surpreender. Vamos fazer de tudo para nos juntar ao Brasil entre os dois classificados para as oitavas, porque é a seleção favorita. Esperança existe sempre. Você não entra em um campo de futebol sem esperança.