OMS não foi consultada sobre decisão de realizar Copa América no Brasil
A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou que em nenhum momento foi consultada sobre a…
A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou que em nenhum momento foi consultada sobre a Copa América no Brasil, nem pelo governo de Jair Bolsonaro e nem por parte da Conmebol e CBF.
A agência mundial tem feito parte do planejamento de diversos mega-eventos, como os Jogos Olímpicos e mesmo entrou no debate para a criação de protocolos sobre a Eurocopa, que se disputa neste mês, e outros torneios.
Mas a OMS sempre insistiu que a decisão de sediar um evento ou não cabe aos organizadores e aos governos. “A decisão de organizar, adiar, cancelar ou transferir um evento cabe ao país anfitrião e aos organizadores”, disse a OMS.
Nesta terça-feira, Bolsonaro confirmou a realização da Copa América no Brasil, depois que o governo da Argentina vetou o evento por conta da explosão de casos da covid-19. Segundo o presidente, a Copa América seguirá os mesmos protocolos que já vêm sendo adotados nas competições da CBF.
Os jogos ocorrerão em Mato Grosso, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Goiás. Já o governador de São Paulo, João Doria, usou as redes sociais para informar que o estado não receberá jogos da competição. Ele disse que a “prioridade é conter a pandemia” e que a Copa América “representaria uma má sinalização do arrefecimento no controle da transmissão do coronavírus”.
Na segunda-feira, numa coletiva de imprensa, o diretor de operações da OMS, Mike Ryan, ainda fez um alerta sobre situação crítica da pandemia na América do Sul. Segundo ele, dos dez países do mundo com maior taxa de mortes por habitantes, quatro são sul-americanos. O temor da OMS é de que uma nova onda atinja a região. “Existem desafios reais”, alertou.
Segundo Ryan, a taxa de mortalidade da região também está acima da média mundial, o que seria um sinal de que os sistemas de saúde estão sobrecarregados. “A transmissão é intensa”, disse. “A América do Sul vai na direção errada”, completou.
Em um email enviado à coluna, a agência mundial de saúde indicou que “a OMS não esteve envolvida em qualquer intercâmbio ou conversa com as autoridades relativamente a este torneio”.
Mas deixou claro que, ao longo de meses, tem feito parte de diversos preparativos referentes a torneios esportivos.
A OMS também destacou como, por anos, tem apoiado governos na preparação de mega-eventos. “Antes da pandemia, a OMS/OPAS apoiou várias autoridades nacionais na sua avaliação de risco e nos esforços de preparação relacionados com o acolhimento de eventos de futebol (tais como o Campeonato Mundial da FIFA, e torneios regionais de vários tipos)”, completou.
Grupo dedicado a mega-eventos
Na OMS, desde o início da pandemia, o debate sobre a realização de eventos passou a fazer parte da agenda da entidade. Ainda em 2020, um grupo dentro da agência foi estabelecido para construir protocolos e a OMS passou a ser consultada com regularidade sobre os Jogos Olímpicos de Tóquio.
Também no caso japonês, a entidade insistia que não cabia a ela cancelar ou autorizar um evento. Mas fazer recomendações sobre como garantir a proteção e minimizar riscos.
Lista de recomendações
Em abril de 2020, a OMS ainda publicou e divulgou a todas as federações uma lista de medidas que deveriam ser consideradas por parte de países e entidades que desejam realizar um evento esportivo.
A longa lista inclui:
– Assegurar uma boa sinalização de higiene em todos os locais
– Prestar primeiros socorros e serviços médicos
– As temperaturas devem ser verificadas todos os dias e qualquer caso de febre deve ser anunciado ao pessoal médico do evento
– Os viajantes doentes devem ser geridos nos pontos de entrada
– Assegurar a capacidade de isolar casos suspeitos
– Desenvolver e disponibilizar comunicação de risco sobre características clínicas da COVID-19 e medidas preventivas, incluindo práticas de higiene das mãos, distanciamento físico, implicações práticas da quarentena e critérios para perguntar aos indivíduos com sintomas
– Assegurar a disponibilidade de luvas de borracha para o pessoal da equipe e voluntários que manuseiam roupa suja, toalhas, etc.
– Recomendar que as toalhas sejam apenas para uso único
– Fornecer a cada participante uma garrafa de água limpa
– Fazer lenços e recipientes para eliminar lenços usados com tampas disponíveis em todos os autocarros
– Proporcionar a cada equipe uma facilidade para a verificação da temperatura dos atletas
– Determinar as áreas para cuidar e isolar os indivíduos infectados
– Determinar as áreas de quarentena das pessoas em contato com os casos confirmados
– Determinar as áreas de treino dos atletas e do pessoal da equipe se um caso COVID-19 for notificado
– Preparar um local para receber um grande número de pessoas em quarentena
– Predeterminar os contactos de emergência com as autoridades de saúde locais
– As máscaras médicas devem estar prontas, especialmente para o pessoal médico e indivíduos doentes
– Fornecer toalhetes desinfectantes para desinfectar superfícies tocadas em todas as áreas
– Considerar o fornecimento de embalagens individuais de prevenção para atletas contendo termómetro, máscara médica, higienizador de mãos, lenços descartáveis, e copos de plástico descartáveis
Há também uma lista de medidas a serem tomadas, antes do evento começar. Elas incluem:
– Verificar proactivamente e regularmente o estado de saúde de todos os participantes
– Evitar participar no evento se um indivíduo estiver a sentir mal
– O líder da equipa deve assegurar que as suas equipas e voluntários sejam informados sobre os protocolos para um doente suspeito e confirmado
Durante o evento
– Os participantes devem estar cientes e cooperar com o pessoal médico da equipe nos locais para verificar as suas temperaturas todos os dias. Qualquer febre acima dos 38 °C tem de ser comunicada ao responsável médico do evento.
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou higiene das mãos com higienizador à base de álcool
– As estações de higienização das mãos devem estar disponíveis em todo o local do evento
– Praticar etiqueta respiratória, cobrir tosse e espirros com lenços descartáveis, isolar e procurar aconselhamento médico se a tosse persistir.
– Evitar o contato com pessoas doentes
– Evite o contato com qualquer pessoa se estiver doente
– Utilização de luvas no manuseamento de toalhas ou lavandaria no ambiente da equipe
– As toalhas não devem ser partilhadas
– Os atletas não devem partilhar roupa, sabonete em barra ou outros artigos pessoais
– As garrafas de água devem ser rotuladas e lavadas com sabão para máquina de lavar louça após cada prática ou jogo, e os funcionários e o pessoal devem ter as suas próprias garrafas de água para evitar a transmissão de vírus e bactérias
– Aconselhar os atletas a não tocarem na sua própria boca ou nariz
– Evitar apertos de mão ou abraços
– Evitar salas de vapor ou saunas