ABERTURA

Paris inaugura Paralimpíadas com cerimônia ‘militante’

Beth Gomes, do atletismo, e Gabriel Araújo, da natação, foram os porta-bandeiras do Brasil

ANDRÉ FONTENELLE E SANDRO MACEDO
PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Uma cerimônia “militante” -na definição de seu criador, o diretor de teatro Thomas Jolly -, com uma mensagem de conscientização para a inclusão das pessoas com deficiência, abre os Jogos Paralímpicos de Paris na noite francesa de quarta-feira (28).

Menos ambiciosa que a abertura dos Jogos Olímpicos, um mês atrás, mas nem por isso pouco grandiosa, a festa está sendo realizada nos Champs-Elysées, principal avenida da capital francesa, e na praça da Concórdia, onde em 1793 o rei Luís 16 e a rainha Maria Antonieta foram guilhotinados.

Na abertura olímpica, organizada em um percurso de seis quilômetros às margens do rio Sena, Jolly tinha criado polêmica com diversas provocações, entre elas uma cantora representando a rainha decapitada.

Desta vez, em suas próprias palavras, o diretor decidiu enfatizar a “concórdia” que dá nome à praça.

O nome dado por Jolly ao espetáculo, “Paradoxe”, é, segundo ele, uma referência à contradição entre o heroísmo dos campeões paralímpicos e os desafios cotidianos às vezes prosaicos com que eles se deparam nas ruas -como descer uma escada para pegar o metrô.

“É a primeira vez que uma cerimônia de abertura paralímpica é realizada no centro de uma cidade, e sabemos que as cidades não são adaptadas [para pessoas com deficiência]”, afirmou.

Como definiu a ministra dos Esportes e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, Amélie Oudéa-Castéra, a intenção da cerimônia não é “chocar”, mas “chamar a atenção”.

Assim como ocorreu nos Jogos Olímpicos, é a primeira vez que a cerimônia de abertura paralímpica ocorre fora de um estádio. Boa parte dos cerca de 4.400 atletas, representando 167 delegações e a equipe paralímpica de refugiados, desfila nos Champs-Elysées, diante de um público de cerca de 50 mil pessoas.

Os 88 atletas russos inscritos, autorizados a competir sob o nome de “atletas individuais neutros”, foram impedidos de participar em razão da invasão da Ucrânia.

Os atletas da Palestina estão entre os mais aplaudidos durante o desfile das delegações.

Beth Gomes (atletismo) e Gabriel Araújo, o Gabrielzinho (natação), campeões paralímpicos em Tóquio, três anos atrás, representam o Brasil como porta-bandeiras.

Doze tochas paralímpicas diferentes convergiram de todas as regiões da França em direção ao local da cerimônia de abertura, depois de um revezamento de quatro dias e mil participantes, iniciado no Reino Unido, em Stoke Mandeville, localidade berço do movimento paralímpico: ali, em 1948, foi realizado o embrião do que viria a se transformar nos atuais Jogos.

Entre os portadores da tocha mais famosos está o ator chinês Jackie Chan, 70, estrela de filmes de ação hollywoodianos, muito popular na França.

A mesma pira dos Jogos Olímpicos voltará a ser acesa para os Paralímpicos. Instalada em um balão e sem fogo de verdade -a “chama” é um efeito criado por vapor d’água e lâmpadas LED-, ela se tornou uma atração turística da capital francesa, no Jardim das Tulherias, entre o Museu do Louvre e o obelisco da Concórdia.

Os Jogos Paralímpicos terão 22 esportes em 19 sedes de competição, entre elas algumas das que mais impressionaram nos Jogos Olímpicos, como Versalhes (paraequitação), Grand Palais (esgrima em cadeira de rodas e parataekwondo) e Torre Eiffel (futebol de cegos).

O evento terminará em 8 de setembro, com uma cerimônia também concebida por Thomas Jolly, que será realizada no Stade de France, mesmo palco do encerramento dos Jogos Olímpicos, no último dia 11.