Seleção Brasileira

Por que Endrick perdeu espaço na seleção brasileira com Dorival

A ideia de jogo desejada pelo técnico da seleção não é mais com um ataque tão leve ou com falso 9, como no início da passagem dele

Endrick em ação contra o Peru. Foto: Icon Sport

Dois jogos, 26 minutos em ação. A Data Fifa que terminou deixou claro que Endrick perdeu espaço na seleção brasileira com Dorival Júnior.

Tudo bem que ele não chegou a ser titular absoluto. Mas quem viu o início da passagem do treinador, com três gols de Endrick em três jogos, poderia imaginar que rapidamente ele assumiria o posto de centroavante do time. Não foi isso que aconteceu.

No cenário atual, parece improvável que Dorival mude de ideia. O UOL explica as razões:

DORIVAL PREFERE UM CAMISA 9 COM MAIOR PRESENÇA DE ÁREA

A ideia de jogo desejada pelo técnico da seleção não é mais com um ataque tão leve ou com falso 9, como no início da passagem dele.

Dorival quer um centroavante que “afunde” mais a defesa adversária, ataque espaço. Dê presença de área, trabalhe bem no jogo aéreo e prenda a bola na frente, quando necessário.

DORIVAL NÃO ANDA TÃO CONVENCIDO EM RELAÇÃO AOS MOVIMENTOS OFENSIVOS DE ENDRICK

O item anterior deságua neste. Apesar do faro de gol inicial de Endrick (contra Inglaterra, Espanha e México), Dorival entende que ele ainda não entrega os movimentos imaginados para a função de camisa 9 da seleção atual.

O UOL apurou que nos treinos da Data Fifa que passou, Dorival pediu muito para que Endrick tentasse abrir espaços, fizesse os chamados “facões”, entrando em diagonal nas costas da defesa, mesmo que não fosse receber a bola.

Endrick ficou de olho também no que estava fazendo o concorrente e, por ora, titular Igor Jesus.

ENDRICK ESTÁ COM POUCOS MINUTOS NO REAL MADRID

A minutagem baixa no Real Madrid é considerada uma questão pela comissão técnica.

Na Espanha, Endrick ainda está em fase de adaptação, começando sua primeira temporada no Real Madrid. A concorrência direta é com Mbappé —contratação mais badalada da última janela.

“Endrick foi para um dos maiores clubes do futebol mundial, concorrendo com dois companheiros (Vini e Rodrygo) e um terceiro que chega agora como campeão mundial há pouco tempo, um expoente. Não joga com a frequência que precisaria, mas brigando na maior equipe do futebol mundial”, analisou Dorival, em uma das coletivas da semana.

Da parte do jogador e seu estafe, a visão é que ele já está plantando o pé em um papel recorrente na reta final das partidas. Das nove partidas para as quais foi relacionado no Campeonato Espanhol, entrou em sete — ainda que nos minutos finais de quase todas —e soma um gol. Na Champions League, também tem participação nas duas partidas do Real Madrid até aqui —fez um gol.

O jogador e quem o cerca entendem que nesta temporada será preciso calma até virar protagonista de vez no maior clube do mundo.

ENDRICK É CONSIDERADO MUITO JOVEM AINDA, MAS COM LASTRO PARA EVOLUÇÃO

Se teve uma palavra que Dorival não se cansou de usar em relação a Endrick foi “paciência”.

Mesmo lá em março, quando os gols vieram em sequência, o treinador adotava um discurso de pé no chão e calma com o atacante, que ainda nem 18 anos tinha completado.

A maioridade chegou, a transferência internacional se efetivou e Dorival segue pregando cautela.

Endrick só foi titular em dois dos 12 jogos da seleção sob o comando de Dorival Júnior. No mais recente — derrota para o Paraguai e substituição logo no intervalo.

No anterior, contra o Uruguai, pela Copa América, foi mais por uma necessidade: Vini Jr. estava suspenso.

Para o jogo contra o Chile, Endrick já captou que seria reserva. O técnico não o puxou de lado para uma conversa específica. Foi o recado de que seguiria preterido.

CONCORRÊNCIA COM NÍVEL ALTO: SERIA PEDRO E AGORA É IGOR JESUS

Endrick não concorre consigo mesmo, apenas em busca da evolução pessoal. A vaga no ataque da seleção é muito cobiçada.

Dorival já tinha sinalizado em setembro que não o usaria como titular e, sim, Pedro, do Flamengo. Mesmo com a lesão do centroavante, a titularidade não caiu diretamente no colo de Endrick. Contra o Equador, ele sequer entrou —numa formação em que Dorival ainda persistiu com o ataque mais leve.

Agora, a preferência do técnico é por Igor Jesus, do Botafogo — até porque João Pedro, do Brighton, também estava fora por lesão.

Igor Jesus correspondeu contra Chile e Peru. Fez um gol e participou do pênalti que rendeu outro. Ganhou moral e restringiu o tempo de Endrick em ação.