Pimenta analisa

Porque o Goiás precisa valorizar Kauan?

A jovem promessa esmeraldina mostrou ser um 10 que o Goiás procura, mas a renovação de contrato virou uma entrave no caminho do sucesso de Kauan

Kauan se destacou neste início de temporada no profissional, mas já foi rebaixado para a base. Foto: Isabela Azine

Análise feita por Victor Pimenta

Já são quatro anos desde a última negociação importante do Goiás Esporte Clube vindo da base. De lá para cá muita coisa mudou. Quem comandava a base esmeraldina hoje não comanda mais e a base voltou a ser valorizada, podendo dar frutos e muito dinheiro para os cofres da equipe. Mas precisa mudar muita coisa ainda se o time quer pensar em coisas maiores.

O caso mais recente de um jovem se destacando no time principal do Goiás é do meia Kauan. Natural de Caxias (MA), mas criado em Parauapebas (PA), o jovem está na base esmeraldina desde o Sub-14, foi campeão goiano Sub-17 e estreou no profissional em 2022, pela Copa Verde. Ainda em fase de evolução, integrou o elenco do Sub-20 e participou de sua primeira Copinha no início deste ano. Apesar de ser reserva, entrou bem em todos os jogos e na reta final da competição, com a lesão de Pedrinho ganhou ainda mais destaque. Marcou na goleada sobre o Novorizontino e contribuiu com duas assistências para seus companheiros.

O trabalho na base que teve mudanças em 2022, entrando Eduardo Pinheiro como diretor e tendo a permanência de Rafael Barreto na coordenação colheu excelentes frutos no pós-Copinha. Subiram para o profissional Diego Caito (lateral-direito), Alan (meia), Vitinho, Wendell e Pedrinho (atacantes), além de ter outros destaques que teriam chances depois no time de cima.

O meia Kauan não estava na lista, porém, subindo para completar os treinamentos no time principal, Guto Ferreira viu qualidade no garoto de apenas 17 anos.  Logo, ele não desceu mais para o Sub-20. Estreou em 2023 já de titular, surpresa para os demais. Foram sessenta e quatro minutos e uma excelente atuação na vitória de 3 a 0 sobre o Grêmio Anápolis. Não parou por ai. No jogo seguinte, seu primeiro gol no principal: 2 a 0 sobre o Goianésia.

O Goiás que precisava de um 10, achou ele em casa. Kauan deixou Marquinhos Gabriel no banco e após a saída do jogador, herdou também sua numeração. Mesmo com apenas 17 anos, o meia é uma joia que merece ser lapidada, ser valorizada e quem ganha com isso é o próprio Goiás.

O contrato do jogador só acaba em abril de 2024 e antes mesmo de chegar próximo do fim, a diretoria então procurou seus empresários que combinaram de se reunir para tratar das negociações. Porém, a conversa teve somente um lado e basicamente foi “a proposta é essa, ou você aceita, ou você paga pela liberação do jogador”. Não teve negócio. Como forma de punir o atleta, que não tem nada a ver com isso, tirou ele do time principal e tirou a chance do garoto não só mostrar, mas ajudar o Goiás em uma semifinal, já que o clube não tem um camisa 10 inteligente, frio e que arma as jogadas.

Diante disso, clubes já tem procurado o atleta de apenas 17 anos para negociar. Com o Goiás não tem negociação, afinal, no pronunciamento deste sábado, Harlei Menezes deixou bem claro: “Só pagar a multa e tirar ele do Goiás”. A multa: 3 milhões de reais, que para times como Flamengo, Palmeiras e Atlético Mineiro não é nada. Para o Goiás é grana no cofre, mas se fossem espertos, não seria 3, seriam 15, seriam 30 milhões. Próximos capítulos dessa novela, só aguardar, mas já digo: o Goiás Esporte Clube vai perder um excelente camisa 10 e que até 2022, pagaram 400 mil para tirar um meia de lá, que não fez o que Kauan fez e não saiu valorizado do clube como Kauan poderia ou poderá sair.