VAI COMEÇAR

Presença de técnico da seleção de basquete anima temporada do NBB

A bola laranja subirá para a abertura da temporada 2021/22 do NBB (Novo Basquete Brasil)…

A bola laranja subirá para a abertura da temporada 2021/22 do NBB (Novo Basquete Brasil) neste sábado (23), com uma reedição da última final da liga nacional, entre São Paulo e Flamengo, no Morumbi (a TV Cultura transmite às 16h10).

Enquanto os tricolores estreiam motivados pela conquista do Campeonato Paulista, na última quarta-feira, diante do Franca, os rubro-negros iniciam a busca pelo tricampeonato consecutivo e para se manter como donos do projeto mais dominante do basquete nacional.

Além de algumas mudanças significativas nos elencos dos principais favoritos ao título, uma grande novidade estará no banco dos cariocas. O treinador ainda é o mesmo, Gustavo De Conti, mas desde setembro ele atende também pelo título de técnico da seleção brasileira.

De Conti, 41, foi selecionado após a saída do croata Aleksandar Petrovic, que não conseguiu classificar o Brasil para as Olimpíadas de Tóquio.

Ele se tornou o primeiro comandante brasileiro efetivado na seleção verde-amarela desde que Lula Ferreira deixou o cargo, em 2008, sucedido pelo espanhol Moncho Monsalve. Depois dele e antes de Petrovic, o posto foi do argentino Rubén Magnano.

A recepção positiva ao novo técnico foi praticamente unânime na comunidade do basquete, algo raro num ambiente que nos últimos anos se destacou por conflitos institucionais.

Pelo menos por uma temporada, De Conti estará sob contrato com a confederação brasileira (CBB) e o Flamengo, principal força da Liga Nacional de Basquete, administrada pelos clubes.

Essas duas entidades, que travaram disputas de representatividade nos últimos anos, agora ensaiam uma aproximação. Um aceno nesse sentido foi a presença de Magic Paula, vice-presidente da CBB, no evento de lançamento da nova temporada do NBB nesta semana, em São Paulo.

Também presente na cerimônia, De Conti disse à Folha que não cumpre o papel de ponte entre as entidades, mas deixou claro que deseja ver essas arestas aparadas o quanto antes. “Sinto que há vontade de todos. Vejo muitos discursos, mas gostaria de esperar por atitudes que possam demonstrar que as pessoas estão realmente pensando no bem comum do basquete brasileiro. Seja num entendimento, numa parceria, num evento [realizado] junto.”

“A gente nunca sabe quem está falando a verdade e quem não está, mas que há rusgas, há. Então que seja como num time de basquete em que tudo é resolvido dentro do vestiário e não sai nada para fora. Que todas as brigas aconteçam dentro da reunião e depois que abrirem as portas todos falem a mesma língua”, completou.

O amplo respaldo para assumir o novo cargo foi conquistado pelo treinador com resultados e uma longa trajetória, apesar da pouca idade. Ele trabalhou por duas décadas no clube Paulistano, desde as categorias de base, e assumiu o comando do time profissional em 2010. Em 2018, deu o primeiro título do NBB para a equipe e na sequência se transferiu para o Flamengo.

Existiam dúvidas sobre a capacidade do jovem treinador administrar um elenco de estrelas, mas ele as respondeu com oito títulos em três temporadas, incluindo os dois últimos NBBs finalizados –em 2020 a pandemia impediu a conclusão do torneio.

Visto como um profissional de perfil exigente nos treinamentos e enérgico na beira da quadra, inclusive nas discussões com a arbitragem, De Conti terá como novo desafio se equilibrar entre seus dois cargos. Muitas vezes, os rivais no campeonato nacional serão seus comandados na seleção.

“As pessoas mais experientes que eu conheço falam que o grande erro está quando você muda alguma coisa na sua essência. O que me levou à seleção foi minha maneira de trabalhar, de lidar com os jogadores, então acho que tenho que continuar com isso. Mudar para melhor sempre, mas mudar a essência acho que não”, afirmou.

Lula Ferreira está animado com a chance dada a um jovem representante do país 13 anos depois de sua saída. Ele conhece bem as vantagens e os inconvenientes do acúmulo de funções, já que, de 2003 a 2006, se dividiu entre a seleção e o COC. Em 2007, quando o projeto da equipe de Ribeirão Preto terminou, passou a se dedicar exclusivamente ao trabalho na confederação.

Na visão de Lula, a grande vantagem é não perder o ritmo em quadra. Já o que pode desgastar são as convocações, principalmente quando o treinador chama um nome do próprio time que não é unânime ou prefere deixá-lo de lado e acaba com um problema interno para administrar.

“Hoje o Gustavinho não pode eventualmente deixar o Flamengo, uma equipe desse porte, para ser técnico só da seleção. Não acho necessário neste momento”, disse o atualmente supervisor do Franca Basquete.

A equipe do interior de São Paulo é uma das grandes rivais dos cariocas na disputa pelo título e tem como treinador Helinho Garcia, convidado por De Conti para ser seu auxiliar na seleção.

Essa nova composição do comando técnico anima o armador Georginho, 25, destaque pelo São Paulo na última temporada e contratado como reforço por Franca. Convocado por Petrovic para o Pré-Olímpico, ele ficou insatisfeito por não ter deixado o banco no jogo em que o Brasil perdeu a vaga para a Alemanha e chegou a comemorar nas redes sociais a saída do croata.

“O Gustavinho é um cara muito analista e muito justo, então vai colocar para jogar quem estiver num momento bom e mais disposto. Por trabalhar no Brasil, ele consegue acompanhar melhor os jogadores atuando aqui e saber o momento de cada um. Talvez isso não tenha acontecido na outra gestão porque era um pouco inviável”, apontou.

Ex-jogador de basquete e apresentador do Diquinta Podcast, Gustavinho Lima acredita que o NBB terá jogadores mais motivados para mostrar seus serviços ao técnico do Flamengo e da seleção. “Sem dúvidas os caras vão querer desempenhar um basquete melhor. Também vai aproximar os treinadores, com troca de informações sobre os jogadores e mais contato diário.”

Ele destaca que, logo no começo de seu trabalho, De Conti já estava no ginásio para assistir aos jogos finais da Liga de Desenvolvimento de Basquete, principal torneio de base do país e que nunca havia sido acompanhado de perto por um treinador da seleção.

O mesmo apontamento foi feito por Lula Ferreira. “Uma coisa é acompanhar o desenvolvimento de uma competição por vídeo. É importante, claro, mas diferente. Quando um técnico de seleção vê um jogo, ele olha tudo. Como o jogador sai de quadra, como ele se comporta no banco, e isso a câmera não mostra.”

NBB 2021/2022
– Equipes participantes
Bauru
BRB/Brasília
Caxias do Sul
Cerrado
Corinthians
Flamengo
Fortaleza
Sesi Franca
Luvix/União Corinthians
Minas
Mogi
Pato
Paulistano
Pinheiros
Rio Claro
São Paulo
Unifacisa

– Fórmula de disputa
Os 17 times se enfrentam em turno e returno, com os 12 melhores avançando aos playoffs (quatro deles já nas quartas de final). A Copa Super 8 terá sua quarta edição em janeiro, com um mata-mata entre os oito melhores colocados do primeiro turno. O campeão leva uma vaga na Champions League Américas.

Protocolos
É exigida vacinação completa contra a Covid-19 dos jogadores para participar da competição, com exceção daqueles cujas idades ainda não foram contempladas pelos seus municípios. Atletas continuam submetidos a testes antes das partidas. A presença de público está liberada apenas para a torcida local e seguindo as regras de cada estado.

– Transmissão
A TV Cultura, aos sábados, e a ESPN, às terças, transmitirão uma soma de 20 jogos no primeiro turno. O YouTube e o Facebook da liga exibirão outras 96 partidas na primeira metade da competição. Clubes estão autorizados a fazerem as próprias transmissões em seus canais nas redes sociais.