Primeiro dia cheio da Olimpíada tem chance de medalha na esgrima com Nathalie
A brasileira atualmente é a número 4 do ranking mundial
O primeiro dia completo de programação da Olimpíada de Tóquio poderá ser marcado por uma medalha inédita para o Brasil. A candidata ao feito é Nathalie Moellhausen, que compete na categoria espada feminina da esgrima a partir das 21h desta sexta (23), no horário de Brasília.
As competições dessa categoria e também do sabre masculino (sem brasileiro) se estenderão por mais de 12 horas, com as disputas de medalha começando às 7h50 de sábado (24). O outro representante do país em Tóquio, Guilherme Toldo, compete entre domingo (25) e segunda (26) no florete.
A esgrima está numa lista de esportes ainda zerados em pódios na história olímpica brasileira, mas que aparece com boas chances de quebrar essa barreira no Japão. Outros exemplos são o tênis de mesa, com Hugo Calderano, e o ciclismo MTB, com Henrique Avancini.
Três anos depois, a esgrimista nascida na Itália e que compete pelo Brasil desde 2014 deu ao país seu primeiro título mundial no esporte. Hoje a atleta de 35 anos é a quarta colocada no ranking da federação internacional, numa categoria que promete ter uma das disputas mais acirradas dos Jogos.
“Estou com uma sensação estranha. Talvez por tudo o que aconteceu em relação à pandemia, estou sentindo mais motivação do que pressão. Fiquei um ano sem competir, treinei muito, e agora o meu desejo de competir é maior do que qualquer tipo de pressão. Trazer uma medalha para o Brasil é o meu sonho”, disse a atleta em entrevista na Vila Olímpica, no último domingo (18).
Desde o início da pandemia da Covid-19, a ítalo-brasileira disputou apenas um torneio de grande porte, uma etapa da Copa do Mundo realizada na Rússia, em março. Residente na França, ela afirma que durante esse período treinou como nunca, pelo menos a parte física. O problema foi reencontrar o ritmo de competição. Em Kazan, Nathalie perdeu nas oitavas de final para a sul-coreana Sera Song.
“Países como China e Coreia têm nove meses de adianto em relação aos da Europa, porque conseguiram voltar a competir antes. Apesar de ter tido boas condições de fazer um bom combate com a menina, senti que no toque final faltou aquela presença física e mental que só existe quando você está competindo [com regularidade]”, afirmou ao jornal Folha de S.Paulo em maio.
Desde então, a atleta trabalhou com sua equipe para finalizar a preparação em meio a essa realidade de pouquíssimo contato com as principais rivais. “Posso antecipar aquilo que elas têm como estratégia, qual a mentalidade, mas depois será o momento. Como eu sei que dependo do momento, de como vou acordar, da pressão que vou sentir, sei que vai acontecer para elas também.”
Quem já teve a experiência de abrir uma Olimpíada com medalha foi Felipe Wu, no tiro esportivo. Em 2016, sua prata logo no início dos Jogos do Rio representou a primeira conquista brasileira no esporte em 96 anos.
No Japão, ele tentará defender o lugar no pódio também neste sábado (24). A qualificação da categoria pistola de ar 10 metros está marcada para 1h, e a final, às 3h30 -ambos horários de Brasília.
Mas se há cinco anos, em casa, Wu chegou bem cotado para as primeiras posições, agora o atleta de 29 anos entra para tentar surpreender. Mesmo a classificação parecia distante, até que ele conseguiu o quarto lugar numa etapa de Copa do Mundo em abril e obteve os pontos necessários para garantir vaga pelo ranking.
“Da mesma forma que eu demorei para me classificar e não vou deixar isso me afetar, também não vou me afetar por já ter uma medalha olímpica. O objetivo é fazer uma boa participação, e se isso me permitir ganhar medalha sairei muito feliz”, afirmou.