Crime

Procuradoria defende que Robinho cumpra no Brasil pena por estupro

Condenado por estupro coletivo, ele teve sentença de nove anos de prisão, mas está em liberdade no Brasil

Robinho segue em liberdade no Brasil após ser condenado na Itália. Foto: Marcello Casal Jr

O MPF (Ministério Público Federal) enviou ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) manifestação defendendo que o ex-jogador Robinho cumpra no Brasil a pena que lhe foi imposta na Itália. Condenado por estupro coletivo, ele teve sentença de nove anos de prisão, mas está em liberdade no Brasil, cuja legislação impede a extradição de brasileiros natos.

Em documento assinado pelo subprocurador-geral da República, Carlos Frederico dos Santos, o Ministério Público argumenta que deve ser aceito o pedido feito pelo Tribunal de Milão de homologação da sentença. Segundo ele, “todos os pressupostos legais e regimentais para o prosseguimento de execução penal foram cumpridos”.

Santos citou a cooperação jurídica entre os países e negou que tenha havido cerceamento da defesa, como disseram os advogados de Robinho. Estes pediram que o processo fosse enviado em versão integral para análise. O STJ, por unanimidade, entendeu que a documentação disponibilizada é suficiente.

“A jurisprudência mostra-se consentânea com um sistema jurídico brasileiro progressivamente alinhado com a tendência global de países superarem paradigmas tradicionais de jurisdição e soberania, a fim de cooperarem para combater a criminalidade a nível internacional e promover uma administração mais eficaz da Justiça”, disse o subprocurador-geral.

Robinho, hoje com 39 anos, foi inicialmente condenado em 2017, recorreu e teve suas tentativas esgotadas em 2022, com trânsito em julgado. Segundo a investigação na Itália, o atleta e outros cinco brasileiros praticaram violência sexual de grupo contra uma mulher de origem albanesa em uma boate de Milão, em 2013. Ele sempre negou o crime.

O STJ ainda não se posicionou sobre o mérito da questão, ou seja, se o ex-jogador deve ou não ser preso. Apenas negou os recursos da defesa sobre possíveis irregularidades no procedimento italiano. Segundo o ministro Francisco Falcão, relator do pedido da Itália de homologação, o ex-atleta foi devidamente representado por advogado no processo penal e não há razão para que se presuma ter havido irregularidades.