JOGOS OLÍMPICOS

Queixas de atletas brasileiros nas redes geram crises para dirigentes

Alguns atletas reclamaram dos uniformes recebidos para a disputa dos Jogos Olímpicos

ANDRÉ FONTENELLE
PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – Três casos recentes com atletas da delegação olímpica brasileira mostraram a dificuldade, na era das redes sociais, em evitar crises de comunicação às vésperas dos Jogos.

Dois incidentes envolveram críticas feitas por competidores do atletismo -o decatleta Fernando “Balotelli” Ferreira e a lançadora de disco Izabela da Silva- aos uniformes fornecidos pela Puma à Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). O outro foi o pedido da mãe da skatista Rayssa Leal para se hospedar junto com a filha na Vila Olímpica, como acompanhante.

Balotelli afirmou ter recebido um kit com apenas três peças, insuficientes para seus dois dias de competição. “Assim que acabarem as provas do primeiro dia, irei voltar pra Vila [Olímpica] e lavar logo meu material ou competir com sujo”, escreveu.

Izabela gravou um vídeo queixando-se de ter recebido um enxoval incompleto, supostamente por falta de peças acima do tamanho M. “Só porque eu sou um pouco maior, e daí? Pede um pouco maior”, disse ela.

A CBAt divulgou nota esclarecendo que “já está em contato [com os atletas] e resolvendo as questões pontuais” e lembrou que parte do enxoval da delegação (como os trajes de passeio e de cerimônia) é de responsabilidade ao Comitê Olímpico do Brasil (COB).

A polêmica relacionada a Rayssa Leal surgiu depois de uma entrevista de uma representante da agência que cuida da carreira da skatista ao podcast Maquinistas, na semana passada. Em 2021, Lilian Mendes, mãe de Rayssa, acompanhou a filha, então com 13 anos, durante a estadia na Vila Olímpica de Tóquio. Trata-se, porém, de uma exceção aberta para atletas menores de 16 anos.

Como este ano Rayssa já tem 16, o COB providenciou “uma colaboradora que atua nas operações da delegação” para acompanhar a medalhista de prata durante a estadia na vila dos atletas.

Os três casos ilustram a dificuldade, para qualquer entidade dirigente, de controlar a comunicação direta entre atletas e público, que pode gerar crises de comunicação e imagem.

Sem comentar casos específicos, o COB afirmou à Folha de S.Paulo que realizou em junho um seminário com os atletas, sobre boas práticas no uso das redes sociais, mas que não há uma cartilha proibindo determinados tipos de conteúdo.

O entendimento do comitê é que os atletas têm direito à própria estratégia de comunicação. Os psicólogos da delegação também estão à disposição para aqueles que busquem orientação. Os chefes de equipe, por sua vez, têm autonomia para conversar com seus atletas, segundo a entidade.