O Brasil finalmente chegou ao lugar mais alto do pódio nesta edição dos Jogos Olímpicos de Janeiro. Nesta segunda-feira, a judoca Rafaela Silva superou Sumiya Dorjsuren, da Mongólia, na categoria até 57 kg e garantiu o primeiro ouro do Brasil na competição. Além dela, Felipe Wu também obteve uma medalha, a de prata, no sábado, no tiro esportivo.
A festa pela conquista na Arena Carioca 2 foi grande e emocionante até porque Rafaela é nascida no Rio de Janeiro e cresceu na Cidade de Deus, uma comunidade carente na zona oeste que fica a poucos quilômetros do Parque Olímpico. Tanto que muitos amigos e familiares estiveram no ginásio para ver a judoca da casa em ação e vibrar com cada golpe.
A Cidade de Deus também fica próxima de um dos núcleos do Instituto Reação, comandado pelo ex-judoca Flávio Canto, e local onde a agora medalhista olímpica aprendeu a competir desde pequena. Aos poucos a paixão pelo futebol foi dando espaço para o judô, pois era nítido o potencial dela nos tatames.
Aos 24 anos, ela supera com essa medalha a frustração nos Jogos de Londres-2012, quando poderia ter chegado ao pódio, mas foi desclassificada na primeira luta, justamente diante da húngara que ela eliminou agora nas quartas de final. No currículo, Rafaela tem o título mundial de 2013, conquistado também no Rio, além de uma prata no Mundial de Paris, em 2011.
O pódio veio no terceiro dia de disputas da modalidade, após outros judocas brasileiros terem chegado perto, sem sucesso. No sábado, Sarah Menezes e Felipe Kitadai, que tinham conquistado medalhas em Londres-2012, ficaram pelo caminho na repescagem. No dia seguinte, Charles Chibana perdeu em sua primeira luta e Érika Miranda ficou a uma vitória do bronze.
A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) tem como meta, no mínimo repetir as quatro medalhas dos Jogos de Londres, de preferência melhorando qualitativamente. Ainda faltam lutar atletas cotados para o pódio, como Victor Penalber, Mayra Aguiar, Tiago Camilo, Maria Suellen Altheman e Rafael Silva, o Baby. Nesta terça-feira Mariana Silva e Victor Penalber representarão o País.
CAMPANHA – Em sua primeira luta, Rafaela gastou apenas 46 segundos para despachar a alemã Myriam Roper por ippon. Na sequência, foi melhor ainda diante da sul-coreana Kim Jan-Di, segunda colocada no ranking mundial. Acertou um wazari perto do fim e administrou o resultado. Já nas quartas de final ganhou da húngara Hedvig Karakas com mais um wazari.
O combate da semifinal contra a romena Carina Caprioriu foi equilibrado e, com um shido para cada lado no tempo normal, a disputa foi para o golden score. O árbitro chegou a dar a vitória dela com 39 segundos, mas depois voltou atrás. O público passou a incentivar ainda mais e a vaiar a arbitragem. No final, Rafaela mostrou raça e conquistou uma bela vitória.
Depois enfrentou Sumiya Dorjsuren na final. A atleta da Mongólia vinha de bons resultados, mas Rafaela entrou determinada a vencer em sua cidade. Com pouca ação, as duas tomaram um shido cada. Na sequência Rafa acertou um lindo wazari, levou o combate até o final e se tornou campeã olímpica.