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SAF Botafogo: entenda os planos e como será o investimento de John Textor

O empresário americano acertou a compra do clube carioca por R$ 400 milhões, por 90% da SAF

Entenda quais são os planos do novo dono do Botafogo para os próximos anos. Foto: Vitor Silva - Botafogo

A esperança de dias melhores para o Botafogo desembarcou na última sexta-feira (7) no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. O empresário americano John Textor veio ao Brasil para assinar o contrato com a proposta de oferta vinculante para a compra de 90% da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube por R$ 400 milhões. Após ajustes contratuais entre as partes, o acordo foi selado e a proposta vai para votação no Conselho Deliberativo nesta quinta-feira. A expectativa é de que o projeto seja aprovado por ampla maioria e os investimentos pela Eagle Holdings, empresa do empresário, comecem na semana seguinte.

O contrato prevê um pagamento inicial de R$ 50 milhões ao clube associativo, com os outros R$ 350 milhões sendo investidos na SAF. A intenção é fazer com que o Botafogo tenha fluxo de caixa e consiga operar de maneira satisfatória durante o período de due diligence – processo de investigação na qual os riscos do negócio são avaliados para o investidor. O procedimento pode durar entre 60 e 120 dias.

Ainda de acordo com o contrato, outros R$ 100 milhões serão pagos na data da assinatura definitiva. O cronograma estipula o pagamento do mesmo valor após um ano. Com dois anos de acordo, um novo aporte de R$ 100 milhões será feito. Após três anos, haverá um novo investimento de R$ 50 milhões.

Visando o desempenho esportivo, o acordo possui uma cláusula de orçamento mínimo para o futebol do primeiro ao sétimo ano de contrato, com um de 50% da receita bruta em relação ao ano anterior.

A instituição da SAF e venda dos ativos do futebol também foi uma maneira do Botafogo encontrar uma forma de enfrentar a dívida de R$ 1 bilhão, que impede o clube de honrar compromissos e manter um time competitivo. As dívidas cíveis e trabalhistas, pagas por meio do Regime Centralizado de Execuções, sendo 20% de suas receitas correntes mensais e 50% dos dividendos, juros sobre capital próprio ou outra remuneração recebida desta, na condição de acionistas.

QUAIS OS PLANOS DE JOHN TEXTOR PARA O BOTAFOGO? – Recebido com euforia pela torcida no aeroporto, John Textor não escondeu o espanto com a alegria botafoguense. O “salvador da pátria” alvinegra afirma, porém, que está ciente das expectativas da torcida sobre os novos rumos do Botafogo, afirmando que a reconstrução do clube passa por um “investimento significativo”. O americano diz que a operação está alinhada com os desejos do clube.

“A janela não muda para ninguém, ela é agora, o campeonato estadual começa agora, a temporada começa amanhã, então estruturamos para que o dinheiro chegue ao clube logo. Para que possamos tomar decisões referentes aos jogadores, para que a transformação de um clube da segunda divisão para um clube de primeira divisão, e um clube de primeira divisão forte, aconteça agora. Isso não pode esperar pelo processo legal. Vamos ver, agora está nas mãos do pessoal do clube”, disse.

Conhecido por ser um “cara da tecnologia”, o empresário acredita no uso minucioso da análise de mercado para encontrar talentos em nível global. Neste aspecto, o clube carioca poderia usufruir do banco de dados do Crystal Palace, clube da primeira divisão inglesa do qual também é um dos acionistas.

“O que o clube precisa, quando faz essa transição de uma segunda divisão para a primeira divisão? Muita coisa é necessária, certo? E eu posso ficar animado com a oportunidade de investir em um mapa global de identificação de talentos, eu posso ficar animado em investir na estrutura de base”, declarou. “Eu espero mostrar aos torcedores que ter uma visão global de talentos, ter os relacionamentos que tenho sorte de ter, faz a diferença.”

Apesar da busca por jovens talentos que podem render frutos no futuro, John Textor também acredita que o clube pode ser impactado pelo movimento contrário. Ele admite ir atrás de veteranos com o desejo de voltar ao futebol nacional para buscar o espaço perdido na Europa e até mesmo jogadores estrangeiros.

“O contrato requer uma reação imediata em termos de capital, a gerência e o grupo esportivo precisam tomar uma decisão imediata de quem, do time do ano passado, está pronto para subir de nível”, disse. “Todo mundo tem chance. Vamos trazer novos jogadores e testar o nível deles comparado a esse time e vamos testar o nível desse time comparado a esses novos jogadores. Estamos aqui para vencer. E espero que isso venha imediatamente”.