Com o mesmo roteiro de sustos, cansaço e sofrimento, o São Paulo foi derrotado pelo Emelec, por 3 a 2, na noite desta quarta-feira, mas, assim como aconteceu no jogo de ida, saiu de campo feliz. O placar negativo não foi suficiente para reverter a vitória dos brasileiros na semana passada (4 a 2) e o time paulista garantiu a vaga na semifinal da Copa Sul-Americana após suportar pressão da diretoria e da torcida equatoriana presente no Estádio George Capwell.
O resultado trouxe alívio aos torcedores dada as circunstâncias da partida disputada em Guayaquil. Jogando por um empate ou até por uma derrota por um gol de diferença, o São Paulo foi vazado logo aos 18 segundos de jogo. E depois enfrentou a pressão dos anfitriões, empurrados pelas arquibancadas – Bolaños foi o grande destaque da partida, com três gols.
Nem mesmo depois de virar o placar, ainda no primeiro tempo, a equipe visitante teve sossego. Sofreu dois gols de pênalti em apenas quatro minutos no começo da segunda etapa e aguentou a pressão até os instantes finais da partida – um novo gol dos equatorianos levariam o duelo para as penalidades.
Garantido na semifinal, o time brasileiro agora aguarda o confronto entre Universidad Cesar Vallejo, do Peru, e o Atlético Nacional (Medellín), da Colômbia. As duas equipes se enfrentam ainda na noite desta quarta.
O JOGO
Depois do susto levado no jogo de ida e de toda a pressão realizada pela torcida e pelo próprio Emelec (os visitantes foram impedidos de treinar na terça), tudo o que o São Paulo queria evitar nesta quarta era um novo revés no começo da partida. Assim, o gol de Bolaños 18 segundos após o apito inicial não ajudaram em nada no lado emocional do time brasileiro.
Abalado, o São Paulo cometia erros em série e só via jogar o Emelec, que quase ampliou a vantagem aos 18, em belo chute de Giménez, rente ao travessão. Os brasileiros só se recuperaram do baque a partir dos 20 minutos. Pouco a pouco cadenciou o jogo e assumiu o controle das ações.
A recuperação se refletiu no gol de empate aos 28. Após levantamento na área, Paulo Miranda escorou de cabeça e Alan Kardec bateu de primeira direto para as redes. A essa altura, o São Paulo já jogava melhor e envolvia o Emelec em boas trocas de passe, como a que gerou o gol da virada, aos 39.
Em boa trama pela direita, Michel Bastos acionou Souza, que cruzou rasteiro quase na linha de fundo para Kaká. O meia girou bonito dentro da área e deu passe açucarado para Ganso só empurrar para as redes. O São Paulo crescia em campo, enquanto o rival equatoriano precisava agora marcar três gols para avançar na competição.
Parecia, enfim, que os brasileiros haviam consumado o triunfo e a classificação. Mas junto com o segundo tempo veio novo susto. Sem maior brilho dentro de campo, o Emelec contava com a catimba e a pressão da torcida no caldeirão do Estádio George Capwell – Rogério Ceni reclamou mais de uma vez de raios laser apontados contra seu rosto, sem sucesso – para tentar reverter a situação.
E, em apenas quatro minutos, virou o placar, contando com a ajuda da defesa são-paulina. Foram dois gols de pênalti em sequência, gerados por uma falta de Paulo Miranda dentro da área e um toque de mão na bola de Alvaro Pereira, em carrinho imprudente. Na primeira cobrança, Rogério Ceni chegou a desviar, mas não evitou o gol, aos 3. Quatro minutos depois, o mesmo Bolaños não deu chances e bateu no canto oposto ao do goleiro brasileiro.
Com o terceiro gol de Bolaños, o Emelec ressurgiu novamente. Da derrota em casa, o time equatoriano agora só precisava de mais um gol para levar o confronto para os pênaltis. E, diante de um São Paulo acuado novamente, os anfitriões foram para cima e quase marcaram aos 18, 26 e aos 32 minutos. A falta de pontaria e o goleiro são-paulino evitaram o quarto gol.
Enquanto o Emelec tentava colocar fogo na partida novamente, o São Paulo queria reduzir o ritmo. Os jogadores não escondiam o cansaço e mal conseguiam chegar ao ataque. Quando o faziam, tentavam segurar a bola longe da defesa. Nem mesmo as entradas de Osvaldo e Ademilson nas vagas de Kaká e Alvaro Pereira deram novo gás aos visitantes.
Do outro lado, o Emelec continuava ameaçando o gol de Rogério Ceni. Aos 38, Giménez aproveitou vacilada de Hudson e encheu o pé dentro da área. A bola explodiu no travessão e os jogadores do São Paulo seguraram a respiração. Só se mostraram aliviados com o apito final do juiz.
FICHA TÉCNICA:
EMELEC 2 x 3 SÃO PAULO
GOLS – Bolaños, aos 18 segundos, Alan Kardec, aos 28, e Ganso, aos 39 minutos do primeiro tempo. Bolaños, aos 3 (pênalti) e aos 7 (pênalti) minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS – Giménez, Bolaños, Pedro Quiñónez, Paulo Miranda, Ganso.
ÁRBITRO – Enrique Osses (Fifa/Chile).
RENDA E PÚBLICO – Não disponíveis.
LOCAL – Estádio George Capwell, em Guayaquil (Equador).
EMELEC – Dreer; Narváez, Achilier, José Quiñonez e Bagüí; Pedro Quiñonez (Gaibor), Lastra, Giménez e Bolaños; Mena e Herrera (Mondaini). Técnico: Gustavo Quinteros.
SÃO PAULO – Rogério Ceni; Hudson, Paulo Miranda, Edson Silva e Alvaro Pereira (Ademilson); Denilson, Souza, Paulo Henrique Ganso e Michel Bastos; Kaká (Osvaldo) e Alan Kardec. Técnico: Muricy Ramalho.