Renovação

Seleção de handebol joga Mundial para reconquistar lugar entre a elite

O time, campeão do Pan e classificado a Paris-2024, deve jogar em torno de Bruna de Paula, hoje uma das estrelas do handebol mundial

A seleção brasileira feminina de handebol inicia nesta quarta-feira (29), às 14h de Brasília, a disputa do último Campeonato Mundial de 2023. Com um time renovado, com apenas três jogadoras campeãs dez anos atrás, a meta é buscar um lugar nas quartas de final e, quem sabe, ameaçar as favoritas.

“A gente tem uma equipe que tem uma base que jogou o último campeonato, em 2021, com um mix de algumas revelações que surgiram nesse percurso. Temos condições de buscar umas quartas de final. Penso que o Mundial tem seis times que brigam por vaga na semifinal, e o nosso time está num segundo escalão, que pode, eventualmente, ganhar jogos dos times do primeiro bloco”, avalia o técnico Cristiano Rocha.

Treinador das seleções de base por uma década, enquanto a principal era treinada por estrangeiros, ele assumiu o cargo no segundo semestre de 2021, na fase mais aguda de uma renovação que vem desde 2016, e conseguiu levar a equipe a um bom sexto lugar no Mundial de dois anos atrás.

O Mundial será exibido no Brasil pela plataforma Zapping, após seis anos sem transmissão de Mundiais de Handebol no país. É necessário, porém, assinar um plano de R$ 89,90 ao mês.

TIME RENOVADO

Ex-melhores do mundo, Duda se aposentou como jogadora e agora é técnica da seleção da Macedônia, enquanto Alexandra até voltou ao handebol após se tornar mãe, mas, aos 42 anos, está aposentada da seleção. Do time campeão em 2013, seguem a goleira Babi, a ponta Mariana Costa e a armadora Ana Paula.

“Temos um geração surgindo com projeções interessantes, mas a gente ainda carece de mais elementos [mais atletas]. Se tomamos como referência a geração que chegou ao título mundial, o sarrafo é muito alto. Nos Mundiais no ciclo entre o Rio e Tóquio nós ficamos bem atrás, em 18º e 17º. Com boa parte dessa geração, conseguimos um sexto lugar em 2021, e fizemos um bom Jogos Pan-Americanos no mês passado. É uma seleção que nos coloca com possibilidades de sonhar em estar entre as principais do mundo”, avalia o treinador.

O time, campeão do Pan e classificado a Paris-2024, deve jogar em torno de Bruna de Paula, hoje uma das estrelas do handebol mundial, armadora do Gyor Audi, da Hungria, maior potência do esporte.
“Muita gente aponta ela como a melhor do mundo no um contra um, o que nos dá muitas possibilidades para a parte ofensiva. Ela tem o respeito por parte do adversário, e isso nos ajuda bastante. Em qualquer esporte coletivo é importante ter expoentes técnicos, e é o caso da Bruna conosco”, explica Cristiano.

COMO SERÁ O MUNDIAL

A caminhada no Mundial começa hoje, às 14h, contra a Ucrânia, um time que já foi medalhista olímpico, mas que desde 2014 não joga nem o Europeu. Atuando em Frederikshavn, na Dinamarca, o Brasil enfrenta o Cazaquistão, na sexta, e fecha a primeira fase contra a Espanha, no domingo, sempre às 14h.

Como os três primeiros avançam, é muito provável que o Brasil siga na competição para enfrentar os três classificados do grupo que tem Holanda, República Checa, Argentina e Congo. Na prática, a seleção tem de fazer o dever de casa, vencendo os quatro adversários mais fracos, e ganhar ou de Espanha ou de Holanda, para avançar às quartas de final, já que só duas equipes, no cruzamento dos dois grupos, seguem na competição.

NOVIDADES

O Mundial deve marcar a estreia de Kelly Rosa pela seleção em uma grande competição. A armadora de 19 anos estava no elenco do Pan, não entrou em quadra, mas ganhou a confiança do treinador. Cristiano sabe que tem nas mãos uma joia do handebol, e por isso mesmo não quer queimar etapas.

“Ela é uma menina que a gente está maturando. Ela estava no juvenil de clubes brasileiros até o ano passado e vem cumprindo etapas de forma acelerada. Fizemos dois amistosos antes do Mundial, ela foi bem, mas estamos indo com calma para não colocar responsabilidade sobre uma menina que não chegou nem a jogar por clube brasileiro no adulto”, diz. Kelly saiu da base do Pinheiros direto para a Espanha, onde joga no Elche, ao lado de Alexandra. “Vamos dando linha para ver até onde ela pode chegar no Mundial”, continua Cristiano.

Outra promessa que o Brasil levou ao Mundial é Jheniffer Lopes, do Gran Canaria, da Espanha, convocada como armadora, mas que joga como especialista defensiva. “Ela teve performance muito bacana na etapa internacional na França em abril e vai ser a especialista no Mundial. É uma jogadora que no futuro breve pode ter oportunidade num clube grande na Europa”, avalia o técnico da seleção.