BEM-ESTAR

Superação: como o esporte ajudou Kalleb Menezes a superar seus limites após tragédia na adolescência

Kalleb Menezes jogou quadrugby nos Estados Unidos, além de ter disputado provas de atletismo e arco e flecha

Kalleb Menezes durante prova de ciclismo. Foto: Arquivo Pessoal

O esporte é onde as pessoas buscam a todos os momentos superar seus limites, além de ser uma ferramenta de inclusão. Para alguns, ele também é uma forma de recomeçar, como foi para Kalleb Menezes, de 35 anos. Natural de Brasília, mas que atualmente mora em Goiânia, ele viu seu mundo desabar aos 15 anos, quando em um acidente de carro ficou tetraplégico, e perdeu sua mãe.

“A atividade física me ajudou e ajuda demais na reabilitação, inclusive mental”, comentou Kalleb, que ficou em coma por 4 meses por conta de um traumatismo craniano. “Foi um processo doloroso. Fiquei na cadeira de rodas em 2005, meio depressivo e abalado”, porém o esporte foi uma ferramenta primordial para o seu bem-estar.

Após ver o filme “Murderball – Paixão e Glória”, que conta a história de atletas paralímpicos de quadrugby, Kalleb percebeu a vida com novos olhos. Em 2009, ele iniciou no arco e flecha e já viu o esforço recompensado com sua primeira medalha de bronze. “O esporte me auxiliou com minha autoestima, autoimagem, bem-estar, vontade de progredir”, disse.

Kalleb não parou apenas em um esporte, ele também participou de natação, tênis de mesa, tênis de quadra, badminton e basquete. Porém apesar dos benefícios, ele sentia que queria algo a mais. Foi quando começou a treinar no quadrugby. “Creio que se eu não estivesse no esporte paralímpico, eu não chegaria aos níveis que eu cheguei. No esporte consegui evoluir e me destacar. Antes do esporte eu era obeso, vivia triste, e sentia que não conseguia progredir. Creio q Deus colocou o esporte em minha vida, para me auxiliar a vencer”, contou.

O esporte também proporcionou à Kalleb chegar a um outro sonho de infância, de ir para os Estados Unidos. Após o convite de um amigo, ele partiu para uma nova jornada. “Inicialmente eu iria ficar por 6 meses. Mas lá meu amigo jogava em um time de quadrugby, em Orlando e logo me convidou para ir conhecer, então logo da primeira vez que fui eles me convidaram para fazer um teste. Eu disse que sim e tudo começou. Com pouco mais de 3 meses, eu era um dos capitães do time, e um cara muito querido por todos”, contou.

Com o quadrugby, Kalleb conheceu alguns lugares nos Estados Unidos e jogava contra equipes de vários lugares e contra os melhores atletas do país. Porém apesar da rivalidade em quadra, sempre tinha uma parceria fora. “Todos nós jogadores éramos muito parceiros, e eles me acolhiam com muito carinho. Quando eu precisava de medicamentos e coisas de saúde, que é bem difícil e caro por lá, eles me doavam, compartilhavam comigo”, falou.

Porém com a chegada da pandemia, Kalleb viu a necessidade de retornar para próximo da família. “Já tinha perdido meus 2 avôs enquanto eu estava lá (EUA), e começou a pesar na balança. Além de tudo ter parado por lá e só se falava no vírus. Fiquei meio apavorado, e então decidi vir embora”, comentou ele, que atualmente mora com os tios em Goiânia.

A volta ao Brasil trouxe novas reflexões para Kalleb, que passou a ver o esporte de uma nova forma. Apesar de amor pelas modalidades, atualmente ele vê a prática esportiva como uma forma de bem-estar e não mais de alto rendimento. “Antes eu queria muito ir para as Olimpíadas, mas nos EUA, eu convivi tanto com atletas que já tinham ido várias vezes, e eles compartilhavam como era. Eu acabei deixando isso de lado. Desde que voltei para o Brasil, eu estou menos ligado com competir, hoje prefiro a qualidade do bem feito e o bem-estar”, completou.