inclusão

Técnico da seleção brasileira de halterofilismo coordena projeto de esporte do Instituto Nacional de Nanismo

Ação é feita em parceria com instituto Alok

Foto: Divulgação

  
Da Redação – O Instituto Nacional de Nanismo (INN), em parceria com o Instituto Alok, lançou o projeto INNspira. No total, 50 pessoas com nanismo irão participar de um grupo que servirá de referência para um projeto mais abrangente no futuro. Os selecionados receberão kits com materiais para as aulas e terão acesso gratuito a atividades físicas específicas, acompanhamento nutricional e mapeamento de saúde mental.

As atividades físicas estarão sob a coordenação de Valdecir Lopes, que é técnico da seleção brasileira de halterofilismo e que atualmente também treina Mariana D’Andrea, bicampeã Paralímpica e campeã mundial, e Bruno Carra, medalhista mundial e Pan-Americano, ambos com nanismo. O projeto conta com uma emenda parlamentar destinada pelo vereador por Goiânia, William Veloso, que também é pessoa com deficiência.  

A ideia, segundo a presidente do INN, Juliana Yamin, é de trazer informações para a própria comunidade e para a sociedade. Nesse caso específico, sobre atividade física, alimentação e saúde mental. Para isso, as parcerias foram fundamentais. Com a parceria do Instituto Alok iremos mapear o impacto na saúde mental das pessoas antes e após o projeto ter início na prática, para que este também seja um ponto de atenção, além do envio de kits de ginástica para os participantes.

Na outra ponta, a doutora em Nutrição Ursula Viana Bagni e equipe irão acompanhar cada participante do projeto, ensinando sobre as especificidades da nutrição para pessoas com nanismo, auxiliando nos desafios e sugerindo possibilidades de melhorias na alimentação.  

A nutricionista é professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e líder do Observatório Multidimensional de Nutrição Inclusiva. Ela coordenou a publicação do e-book “Alimentação saudável para pessoas com nanismo” com apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal Fluminense (UFF) e do movimento Nanismo Brasil.

“A alimentação equilibrada é fundamental, não só para que as necessidades específicas de quem tem nanismo sejam garantidas, mas também para evitar que problemas de saúde relacionados ao excesso de peso apareçam ou se agravem, como é o caso da apneia do sono e dos problemas nas articulações. Por isso, estaremos junto com os participantes durante todo o projeto, dando o apoio necessário para que possam melhorar o autocuidado com a alimentação, e consequentemente, melhorar a qualidade de vida”, completa Ursula.  

“As necessidades das pessoas com nanismo são pouco conhecidas da sociedade e pouco atendidas por políticas públicas. O Instituto Alok tem alegria em contribuir para este projeto inédito no contexto de promoção de uma saúde de quallidade”, completou Alok, artista renomado mundialmente e presidente do instituto que leva o seu nome.  

Presidente do INN, Juliana afirma que a ideia é levar saúde e bem-estar para toda a comunidade, em breve. Ela explica que a primeira fase do projeto será um piloto, contando com profissionais de altíssimo reconhecimento e especialistas em nanismo, como Valdecir Lopes. De forma quinzenal também serão realizados encontros com a equipe de nutrição coordenada pela Dra Úrsula, outra profissional renomada e com publicações na área da nutrição e nanismo. O resultado vai subsidiar um artigo científico inédito sobre saúde física, mental e alimentar de pessoas com nanismo. A segunda etapa contará com a capacitação de profissionais de educação física e nutricionistas pelo país. 

“É uma alegria muito grande destinar uma emenda para o Instituto com a certeza de que a comunidade de pessoas com nanismo será beneficiada e saber que estamos sendo instrumento para melhorar a vida dessas pessoas“, completou o vereador William Veloso, responsável pela emenda parlamentar que beneficiou o projeto.  

 Presente no lançamento do projeto, Bruno Carra, que é medalhista Pan-Americano e Mundial no Halterofilismo e tem acondroplasia, o tipo mais comum de nanismo, disse que foi uma criança cheia de dores. Há mais de 15 anos ele é atleta profissional e conta que a situação mudou por completo. “Comecei a praticar musculação e exercícios escondidos. Hoje não tenho dor no quadril e não sinto mais dores articulares. Peço desculpas por fazer tão pouco pela nossa comunidade, mas quero estar mais perto”, completou Carra.  

Bicampeã paralímpica do Halterofilismo, Mariana D’Andrea, que recentemente trouxe sua segunda medalha de ouro paralímpico, nas Paralimpíadas de Paris, também participou do lançamento do INNspira, no 7º Encontro Nacional de Nanismo, realizado em São Paulo, e se emocionou. “Feliz e emocionada porque na minha família só tem eu com nanismo . Me apaixonei pelo esporte quando fui numa competição e chegando lá tinha pessoas com nanismo. Eu não tinha convívio diário, achei que era só eu… Cheguei lá e comecei a treinar com mais amor”, pontuou a atleta que é campeã mundial na categoria e recordista no levantamento de peso.  

Creusa Angélica, campeã mundial de crossfit com baixa estatura, também diz que a virada de chave aconteceu quando ela viu, pela primeira vez, pessoas com nanismo competindo. “Eu era a menor, única brasileira e trouxe uma medalha de ouro representando o Brasil”, concluiu.  

Valdecir, que além de técnico da seleção brasileira também é HeadCoach, afirma que o esporte é para todos, independente de seguir para o profissional ou não, mas lamenta a falta de oportunidade e acesso. No caso das pessoas com nanismo, além das adaptações físicas existe ainda a necessidade de conhecimento corporal. “O esporte é pra todos, o que falta é a oportunidade de conhecer o seu talento. O esporte é para quem tem coragem.”