Tite mostra preocupação com emprego, mas sabe que desfecho pode ser ‘tchau’
Flamengo perdeu para o Peñarol-URU em casa, na Copa Libertadores, e saiu de campo vaiado
IGOR SIQUEIRA E LUIZA SÁ
RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Vaiado e xingado pela torcida do Flamengo contra o Peñarol, Tite tem mostrado preocupação com o emprego.
É um momento decisivo na temporada para definir quais títulos o Flamengo efetivamente continuará disputando e, em última instância, qual será a marca da passagem do técnico pelo clube.
Por enquanto, a matemática ainda permite dizer: o Flamengo está em três frentes.
O contrato de Tite acaba em dezembro. Renovar? Ainda não se fala nisso no clube. Pelo contrário. Até porque tem eleição a caminho. É preciso esperar o saldo das urnas.
E Tite, ao mesmo tempo, admite que o que a equipe construir em campo até dezembro vai definir se a relação com a torcida/diretoria futura será de desejo de permanência ou rejeição.
Ainda que a situação vença e Rodolfo Landim, atual presidente, vire CEO, Tite sabe que não angariou para si todo apoio necessário. Até por isso disse na coletiva após a derrota para o Peñarol como teve as arquibancadas ao seu lado em outros empregos:
Sabe como se conquista torcedor? Sabe como conquistei os torcedores dos outros clubes pelos quais passei? Ganha título importante. Se não for, tchau.
Ganhar Campeonato Carioca não conta. E neste Flamengo, com tamanho investimento, é indiferente. Perder estadual, sim, pesa, mas ganhar não salva emprego de ninguém.
Até por isso vieram a tentativa e a frustração de não ter alcançado a melhor versão do Flamengo no Brasileirão, na Copa do Brasil e, como se viu no Maracanã, na Libertadores.
E o debate sobre a construção desse Flamengo passa muito pelas dificuldades físicas e série de lesões. Tanto que Tite sempre protesta quando recebe alguma pergunta na coletiva com o termo “poupar”.
“Como é que eu vou poupar? Eu vou poupar o meu emprego? Eu vou colocar em risco o meu emprego? Maluco eu não sou”, disse ele, depois do tropeço diante do Vasco, no último fim de semana.
Mesmo sem poupar o cargo, o “tchau” que Tite mencionou é uma possibilidade à mesa de um treinador que calculou bem o tempo de despedida do emprego passado: a seleção brasileira. Ganhando ou perdendo a Copa 2022, ele buscaria novos ares. Perdeu e deu adeus.
No Flamengo atual, pode haver uma repetição. Mas na seleção, pelo menos, Tite viveu grandes momentos, algo raro nesta conturbada temporada em preto e vermelho.
As vaias e xingamentos contra ele aconteceram ainda em maio, de forma mais contundente. O começo de 2024 com defesa praticamente intransponível e ataque avassalador ficaram para trás. De novo, era apenas o Carioca.
O Brasileiro veio. Tite teve que lidar com calendário, com altitude, com jogador se machucando, com desfalques na Copa América e um elenco em constante mutação. Por vezes, falta efetividade. A bola aérea defensiva já foi um terror. A concentração do time frequentemente some. Cadê o camisa 9? Só em 2025. Cadê o driblador Cebolinha? Também no ano que vem.
Se não arrumar um jeito de vencer sem eles, Tite pode nem estar no Flamengo quando retornarem. Termina o ano e a gente olha para trás e vê tudo o que se foi. A partir daí, a gente analisa Tite