SELEÇÃO

Tite tenta evitar abalo na seleção após onda de lesões

O Brasil já soma 5 jogadores lesionados na Copa do Mundo: Neymar, Danilo, Alex Sandro, Alex Telles e Gabriel Jesus

Tite em jogo pela seleção brasileira. Foto: Lucas Figueiredo - CBF

Tite está mais preocupado do que habitualmente. A dois dias do jogo contra a Coreia do Sul pelas oitavas de final da Copa do Mundo, os problemas de lesões se acumulam no elenco da seleção brasileira. O treinador não estava preparado para lidar com isso.

Foram cinco baixas na fase de grupos. As contusões de Gabriel Jesus e Alex Telles, na sexta-feira (2), diante de Camarões, foram as mais recentes. Ambos estão fora do Mundial, com lesões no joelho direito.

Neymar, Danilo e Alex Sandro também estão em tratamento com a equipe médica e de fisioterapia da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), em uma corrida contra o tempo para enfrentar os coreanos.

Nos treinos de sábado (3) e domingo (4), o treinador da seleção vai fazer uma abordagem psicológica mais forte com os jogadores. A ideia é bater na tecla de que eles precisam jogar por seus companheiros que foram abatidos por lesões.

Além disso, vai reforçar que a Copa do Mundo é um ciclo de quatro anos e que, portanto, eles precisam valorizar todo o esforço para chegar até o Qatar.

O problema é que muitos deles também estão sofrendo com os problemas dos colegas de equipe.

“Sinceramente, é muito complicado. Uma situação que deixa a gente bem triste”, disse o zagueiro Thiago Silva, um dos líderes do elenco e capitão nos dois primeiros jogos na Copa.

Há uma preocupação especial com Neymar. Primeiro porque a incerteza sobre o retorno dele não só para o duelo pelas oitavas. A dúvida é para todo o restante do Mundial e está mexendo com o moral dele.

O craque também é muito amigo de Gabriel Jesus, e ver o jogador do Arsenal perder a chance de continuar no torneio também o deixou chateado.

Alex Telles é outro muito querido pelo elenco. E sua baixa representa um duro golpe em uma posição que já vem dando dor de cabeça para Tite, a lateral esquerda.

Como não se sabe ainda em que condições Alex Sandro retornará, nem se terá de fato condições de iniciar a partida contra a Coreia do Sul, o atleta do Sevilla seria o substituto natural do titular.

Nesse cenário, cresce a importância de um dos 26 convocados que tiveram sua presença mais contestada na delegação brasileira, o veterano Daniel Alves, 39.

Lateral direito de origem, ele poderá ser deslocado para atuar na esquerda para suprir a carência da posição. Ele já atuou no setor na Copa América de 2010, à época por opção do então técnico da seleção Mano Menezes.

Daniel foi titular contra Camarões, atuando na direita. Fez um jogo discreto, cumprindo mais um papel defensivo.

Antes de estrear na Copa, ele foi questionado sobre a convocação e tratou o assunto com bom humor. Disse que entende as críticas por sua idade e por ter chegado ao torneio com dois meses de inatividade, mas afirmou que cumpre um papel no elenco.

“Acho que minha missão na seleção é entregar meu melhor em prol do time”, disse. “Se tiver que tocar pandeiro, vou ser o melhor pandeirista que você já viu na vida”, afirmou.

Com a classificação antecipada para o mata-mata, Tite escalou apenas reservas contra os camaroneses e viu seu time ter uma atuação apática, desperdiçar as poucas chances que criou e ainda sofrer um gol nos minutos finais. Perdeu por 1 a 0.

Foi uma resposta ruim para jogadores frequentemente questionados sobre suas capacidades de substituir as principais peças do elenco, sobretudo Neymar.

Rodrygo, um dos mais cotados para a vaga do camisa 10, buscou apresentar-se para as jogadas, tentou algumas arrancadas, mas não conseguiu abrir os espaços que o dono da posição costuma dar para seus companheiros.

A seleção sente muito a falta da maior estrela do elenco. “Com a volta dele, o meu papel ali já frente melhora, toda a equipe melhora”, aponta Richarlison, também poupado contra os africanos.

Tite entende o abatimento de seus jogadores pela derrota para Camarões e pelas lesões de alguns atletas. Para ele, esse tem de ser mesmo um momento de sofrer.

“O time fica sentido e tem que sentir quando perde. Faz parte da vida. Mas o futebol e a competição proporcionam a nós, por termos vencido os dois primeiros jogos, uma segunda chance. A Copa do Mundo normalmente não é assim”, afirmou o treinador.

Ele também vai precisar mostrar poder de reação a partir de agora.