Mulher no Automobilismo

Única representante mulher na Fórmula 4, Aurélia Nobels avisa: “Não tenho medo de nada”

Formada na escola de kart do ex-piloto de Stock Car Tuka Rocha, Aurélia tem 15 anos

Durante esta semana, Aurélia Nobels no Autódromo Velocitta, testando um carro como preparação. Foto: Divulgação

Dentre os 16 pilotos inscritos no grid da temporada de estreia do BRB Fórmula 4 Brasil Certificado pela FIA, há apenas uma representante feminina. Aurélia Nobels, nascida há 15 anos em Boston (EUA), é filha de pais belgas e vive no Brasil desde os três anos de idade. Com 10, iniciou sua trajetória no kartismo na escolinha mantida por Tuka Rocha, ex-piloto da Stock Car Pro Series falecido em 2019 em um acidente de avião.

Incentivada pelos pais e inspirada por mulheres que escreveram sua história nas pistas ao redor do mundo, Aurélia começa a trilhar o próprio caminho. A aparência ainda juvenil e a delicadeza no trato escondem uma personalidade cheia de determinação. E também muita coragem: “Não tenho medo de nada”, diz ela, deixando claro que não vai se intimidar com o universo masculino das pistas.

A Fórmula 4 é a maior novidade do automobilismo brasileiro em 2022, especialmente pela chancela oficial da FIA, que a considera a melhor e mais moderna escola de jovens pilotos da atualidade. Selecionada no draft da categoria para competir pela equipe TMG Racing, Aurélia entende que fazer parte de um novo campeonato já muito reconhecido é motivo de enorme felicidade, mas também uma grande responsabilidade. “Estou muito feliz e orgulhosa por representar as mulheres na Fórmula 4. Ainda somos poucas no automobilismo”, salienta a pilota, que leva no capacete as cores das bandeiras dos três países que carrega no coração.

Aurélia competiu no kartismo desde 2017. Neste período, disputou as principais competições da modalidade no Brasil, cruzou o Atlântico, foi a única mulher no grid do Mundial da classe OK Júnior em 2020, em Portugal, e no ano passado fez o circuito europeu, adquirindo assim uma bagagem valiosa. “Foi uma experiência incrível, muito difícil, mas aprendi bastante”.

Mas Aurélia ressalta que estar no meio de um ambiente majoritariamente masculino traz sua cota de dificuldades. “É um esporte no qual é muito difícil competir com os meninos. Existe o machismo e também o fato de que alguns deles não aceitam perder para uma mulher”, observa.

Mesmo ciente dos desafios que sempre fizeram parte da carreira, Aurélia sabe que é possível galgar seu lugar ao sol. Para isso, a competidora tem duas colegas de profissão como maior fonte de inspiração.

“Conheci a Bia Figueiredo no começo da minha carreira, no kartismo. É uma pessoa incrível! Ela inclusive me mandou mensagem quando fui sorteada para correr pela TMG Racing. Gosto muito dela. Também gosto muito da Bruna [Tomaselli], que está na W Series e me inspira muito”, relata.