DISPUTAS

Vagas nos Jogos de Paris impulsionam atletas no Pan de Santiago

Os jogos Pan-Americanos seguem até o dia 5 de novembro

Rebeca Andrade é um dos principais nomes do Brasil nos Jogos Pan-Americanos. Foto: Ricardo Bufolin/CBG

Os Jogos Pan-Americanos de Santiago dão sua largada oficial nesta sexta-feira (20), com a cerimônia de abertura no estádio Nacional do Chile, carregando a promessa de ser um evento histórico embalado por grandes nomes.

Como ocorre nas Olimpíadas, o Pan já tem disputas iniciadas –no boxe e no beisebol– antes mesmo da festa de apresentação ao público. As primeiras medalhas serão distribuídas neste sábado (21).

A competição que vai até 5 de novembro é impulsionada por uma intensa movimentação nos bastidores da Panam, a organização continental que realiza o Pan. A ideia é fazer do evento o maior deste século, superando as edições de Santo Domingo-2003, Rio de Janeiro-2007, Guadalajara-2011, Toronto-2015 e Lima-2019.

Das 58 modalidades em disputa, 21 darão vagas diretas para os Jogos Olímpicos de Paris. Outras 12 têm influência nas vagas –contarão pontos para o ranking ou índices, casos de atletismo e natação. É o maior número envolvendo um Pan.

“Nosso principal objetivo é classificar o maior número de atletas para Paris. Temos uma edição muito diferente, com Estados Unidos e Canadá agora trazendo o que têm de melhor”, disse à Folha Rogério Sampaio, diretor-geral do COB (Comitê Olímpico Brasileiro). “Só dos Estados Unidos são 31 atletas medalhistas olímpicos presentes.”

A Panam anunciou a presença de 11 atletas com títulos olímpicos e mundiais confirmados no evento.

A entidade estampou orgulhosa os rostos desses esportistas e classificou como “superestrelas” a ginasta brasileira Rebeca Andrade, medalha de ouro no salto nos Jogos de Tóquio-2020, a nadadora canadense Maggie Mac Neil, dona de um ouro, uma prata e um bronze no Japão, e o cubano Mijaín López, atual tetracampeão olímpico na luta greco-romana, considerado o maior da história da modalidade.

O cronograma foi remanejado, e, na referência anual do calendário, será a edição mais tardia da história do evento –superando o Pan de Guadalajara, realizado entre 14 e 30 de outubro. Isso foi feito para evitar a concorrência com outros eventos, um problema visto em Lima-2019.

“Estamos com uma estrutura muito parecida com a de Tóquio, olímpica mesmo. Toda a equipe de saúde conta com médicos, fisioterapeutas, massoterapeutas, psicólogos, nutricionistas, além de uma área só para a tecnologia. E há outra para a bioquímica”, disse Sampaio.

Segundo o diretor do COB, a meta oficial estabelecida é a terceira colocação no quadro geral de medalhas, mas há a ambição de superar o Canadá como a segunda potência das Américas no esporte.

Medalhista de ouro nas Olimpíadas de Barcelona, em 1992, o ex-judoca que chefia a missão brasileira em Santiago jamais esteve em um Pan.

Ao lado de Aurélio Miguel e outros nomes, Rogério Sampaio ficou praticamente dois anos e meio sem participar de grandes competições internacionais pela adesão ao boicote à CBJ (Confederação Brasileira de Judô). Só retornou em janeiro de 1992, meses antes dos Jogos Olímpicos.

“Perdi o Pan de Havana (em 1991) pela briga por benefícios para uma modalidade que não tinha a menor estrutura. Hoje digo aos atletas: ‘Valorizem’. Não existe mais esse posto de competição de patamar inferior”, afirmou.

O Brasil obteve em 2019, no Peru, seu recorde de medalhas no Pan, 170. Na ocasião, as disputas ocorreram simultaneamente a outros torneios importantes. Competições como o Mundial de esportes aquáticos e os pré-olímpicos de vôlei esvaziaram o evento.

Desta vez, isso não ocorre. E o Brasil tem 621 atletas em sua delegação, além de 11 reservas. Um dos destaques é a skatista Rayssa Leal, de 15 anos, a mais jovem do grupo, um dos 20 atletas medalhistas olímpicos presentes.

Chega como favorita a ginasta Rebeca Andrade, que fará sua estreia em Pans, após ausência por lesões em 2015 e 2019. Ela não terá pelo caminho sua principal rival, a norte-americana Simone Biles.

Outro nome de peso é o da nadadora Ana Marcela Cunha, ouro em Tóquio na prova dos 10 km. Ela passou cerca de cinco meses parada em 2023 após ter sido submetida a uma cirurgia no ombro esquerdo.

Também brigam por medalhas Hugo Calderano (tênis de mesa), Beatriz Ferreira (boxe), Isaquias Queiroz (canoagem), Fernando Scheffer (natação), Rafaela Silva (judô), Arthur Nory (ginástica artística), Guilherme Costa (natação), Tatiana Weston-Webb (surfe) e Luisa Stefani (tênis). Stefani e Scheffer são os porta-bandeiras.

“Não precisamos convencer ninguém, persuadir ninguém. Praticamente todos os chamados vieram, com exceção ao Alison dos Santos, que disputou o Mundial, mas se recuperou de recente cirurgia e precisava de tempo para a recuperação”, afirmou Rogério Sampaio.