Torcida Organizada

‘Vieram até mim com barra de ferro’, diz motorista de ônibus atacado pela Mancha

O ataque a dois ônibus onde estavam torcedores da Máfia Azul deixou um morto e cerca de 20 feridos

Lucas e Fabrício, motorista dos ônibus que sofreram ataque da Mancha Verde em São Paulo. Foto: Reprodução

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Fabrício Ribeiro, empresário do ramo de transporte e motorista, relatou ao Fantástico, da TV Globo, os momentos de terror que presenciou durante a emboscada de membros da Mancha Alviverde (torcida do Palmeiras) contra a Máfia Azul (do Cruzeiro), em Mairiporã (SP), no último dia 27.

Ribeiro é um dos sócios da empresa que alugou os ônibus para a Máfia Azul. Ele estava no ônibus que não chegou a pegar fogo, mas que foi atingido por rojões e depredado por membros da Mancha Verde.

“Eles quebraram o para-brisa, quebraram a janela do ônibus, na lateral ali”, disse. “A gente via pessoas vindo correndo, em [nossa] direção. Imaginava que poderia ser briga de torcida, mas a gente queria sair, sair com vida ali do local”, continuou.

“Eu passei, o outro ônibus já estava com início de fogo. Você vê, não poder fazer nada, né? A sensação de impotência é grande”, frisou.

Outro ônibus da empresa era conduzido por Lucas Souza de Paula.

Ele descreve como foi o ataque de cerca de 150 torcedores ligados à Mancha Verde e conta que viu quatro carros parados. “Na hora que eu vi já achei algo estranho”, relatou sobre os minutos antes de o ônibus que conduzia ser atacado e incendiado. “Eu estava desesperado porque eu não conseguia ver mais, porque o fogo tomou uma proporção [grande] assim em segundos”, acrescentou.

De Paula diz que só não foi agredido pelos torcedores do Palmeiras com uma barra de ferro porque o identificaram como motorista.

“Os torcedores vieram em mim com barra de ferro para bater. Abri, mostrei o meu uniforme, mandaram encostar. Falaram: no motorista a gente não quer bater'”, lembrou.

A EMBOSCADA

O ataque a dois ônibus onde estavam torcedores da Máfia Azul deixou um morto e cerca de 20 feridos. A vítima, o motoboy José Victor Miranda, 30, foi espancada e sofreu queimaduras pelo corpo, conforme a PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Uma semana depois, apenas um suspeito de envolvimento no caso foi preso -outros seis estão foragidos. Ele foi localizado em uma residência na Freguesia do Ó, na zona norte da capital paulista. No local também foi apreendida uma barra de ferro.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou que o suspeito detido na sexta foi indiciado pelos crimes de homicídio, lesão corporal, dano, tumulto e associação criminosa. Ele foi conduzido à carceragem do 8º Distrito Policial, onde permanece detido à disposição da Justiça.

“As investigações prosseguem, sob sigilo, pela 6ª Deatur/Drade (Delegacia de Polícia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva), que realiza diligências para a localização dos outros envolvidos e cumprimento dos respectivos mandados de prisão”, afirmou.

Entre os seis integrantes da Mancha Verde que têm mandados de prisão expedidos e são considerados foragidos está o presidente Jorge Luis Sampaio, 43, e o vice-presidente, Felipe Mattos dos Santos, 31.