Ação de Israel mata 2 na Cisjordânia, e tensão às vésperas do Ramadã segue alta
O Ministério da Saúde palestino informou que os dois homens mortos têm 17 e 23 anos. Além deles, um soldado israelense ficou levemente ferido na ação
Ao menos dois palestinos morreram, nesta quinta-feira (31), em confronto com forças israelenses no norte da Cisjordânia. As mortes se dão em meio a uma onda de ataques em Israel -um deles reivindicado pelo grupo terrorista Estado Islâmico.
O caso em Jenin ocorreu depois que o Exército israelense e a polícia que patrulha a fronteira da região entraram em um campo de refugiados na cidade para, de acordo com as autoridades de Tel Aviv, “prender suspeitos de terrorismo”. Os agentes teriam sido recebidos com tiros, levando à reação.
O Ministério da Saúde palestino informou que os dois homens mortos têm 17 e 23 anos. Além deles, um soldado israelense ficou levemente ferido na ação.
“Os ataques contínuos e as mortes diárias de nosso povo e os crimes diários dos colonos levarão à região mais tensão”, disse em comunicado o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. Na terça (29), o político condenou o ataque de um palestino contra moradores de um bairro de judeus ultraortodoxos de Tel Aviv -na ocasião, cinco pessoas morreram, além do agressor, que foi morto por um policial.
Foi esse ataque, inclusive, o ponto-chave para a intensificação das operações das forças israelenses na Cisjordânia. Desde o último dia 22, ao menos 14 pessoas já morreram em episódios do tipo no país.
Horas depois do confronto desta quinta, um palestino de 30 anos esfaqueou um homem dentro de um ônibus israelense próximo a uma colônia judaica na Cisjordânia. O agressor foi morto a tiros por outro passageiro, e o sujeito atacado foi levado com ferimentos para um hospital.
Em meio às tensões, o primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, anunciou uma série de medidas para lidar com o que descreveu como uma nova onda de ataques. Segundo ele, mais policiais serão colocados nas ruas e a segurança será reforçada nas áreas que fazem fronteira com a Cisjordânia.
Analistas apontam que o fato de os atentados recentes serem efetuados por pessoas em ação solitária, e não por organizações ou grupos, dificulta a resposta do governo israelense -que não consegue definir exatamente o alvo de um contra-ataque, como fez depois de, por exemplo, o Hamas lançar bombas contra Israel.
O grupo elogiou algumas das ações recentes, sem reivindicá-las.
Há algumas justificativas para o aumento da tensão na região. A partir de sábado (2), os muçulmanos celebram o período sagrado do Ramadã, que coincidirá com o feriado judeu de Pessach e a Páscoa. No ano passado, essa época do ano foi marcada por conflitos ainda maiores na Faixa de Gaza, que deixaram 250 palestinos e 13 moradores de Israel mortos em 11 dias de confronto.
Outro fator, segundo especialistas, é a indisposição de grupos extremistas com o fortalecimento das relações institucionais entre Israel e países árabes. No início da semana, o chanceler israelense, Yair Lapid, recebeu seus homólogos de Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Egito e Marrocos -e o secretário de Estado americano, Antony Blinken.
Além disso, em uma cúpula na quarta (30), o presidente israelense, Isaac Herzog, se reuniu com o rei Abdullah da Jordânia, que tem a custódia de locais sagrados muçulmanos e cristãos na parte leste da Cisjordânia. Na ocasião, ambos defenderam que o período seja de calma.