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Aplicativos de namoro buscam usuários que querem ser apenas amigos

Aplicativos Bumble e Match Group lançam produtos de procura por amizades para ajudar a reverter desaceleração pós-pandemia

Aplicativo Tinder (Foto: Divulgação)

(Folhapress) Gigantes dos relacionamentos pela internet e startups estão apostando em um tipo diferente de conexão humana na busca por crescimento de receita: a amizade.

Bumble, Muzz e Match Group, dono do Tinder, estão promovendo seus recursos de busca de amigos e de comunidades como um modelo alternativo para os encontros digitais, visando atrair usuários mais jovens que foram afetados pelo chamado “dating app fatigue” (fadiga de aplicativos de namoro).

O Bumble, grupo dono do aplicativo de mesmo nome, do Badoo e do Fruitz, disse estar otimista sobre o “potencial inexplorado” do “espaço da amizade”.

“A oportunidade nessa área é bastante ilimitada para nós”, disse a CEO Lidiane Jones em um evento para investidores neste mês.

Em maio, o grupo comprou a plataforma de construção de comunidades Geneva, que conecta pessoas com base em interesses comuns, reforçando o lançamento do app de busca de amigos BFF no ano passado.

O avanço nos aplicativos de amizade ocorre enquanto alguns dos maiores players de namoro online têm lutado com uma desaceleração no crescimento pós-pandemia. A Bumble perdeu um quarto de seu valor de mercado após reduzir sua previsão de receita em agosto.

Jones disse que a Bumble se concentraria neste fim de ano em “escalar o crescimento do Geneva e do BFF” para “diversificar nosso modelo de monetização de negócios ao longo do tempo”.

O mais novo aplicativo da Match, Yuzu, lançado em fevereiro, é também seu primeiro produto a oferecer explicitamente um modo apenas social, além de uma função de namoro.

O aplicativo, que é projetado exclusivamente para a comunidade asiática, permite que os usuários alternem entre os modos “social”, “namoro” ou “social e namoro”—um recurso que a empresa de US$ 9,6 bilhões sugeriu que pode expandir para seu portfólio de mais de 40 marcas de plataformas do tipo.

“Esse é um campo de testes para nós”, disse o diretor financeiro da Match, Gary Swidler, em uma conferência para investidores neste mês. “Você pode traçar a linha, eu acho, das coisas que estamos testando em marcas emergentes, incluindo Yuzu, e o que podemos estar pensando no futuro para o Tinder.”

Rivais menores também se moveram para o mercado de amizade neste ano. O aplicativo de “casamento muçulmano” Muzz, que tem 1,5 milhão de usuários ativos mensais, segundo a Sensor Tower, começou a disponibilizar o Muzz Social, um recurso de busca de amigos e rede social, em fevereiro.

Novos usuários do Muzz Social são automaticamente adicionados a grupos de acordo com sua localização e também podem se juntar a redes com base em hobbies ou interesses. “Automaticamente você tem um monte de comunidades às quais pode recorrer”, disse o fundador e CEO Shahzad Younas.

O aplicativo de namoro gay Grindr, cujos números de usuários continuaram a subir em meio a desacelerações tanto no Bumble quanto no Tinder, também explorou a adição de recursos sociais, tanto para amizade quanto para networking profissional, em uma tentativa de ampliar sua base de usuários.

Startups também estão buscando explorar a chamada “economia da solidão” após a pandemia de Covid-19.

A startup francesa Timeleft, que combina grupos de seis pessoas para irem juntos a uma refeição, expandiu-se para os EUA e Reino Unido neste ano e agora opera em mais de 200 cidades.

A empresa de eventos e conexões sociais Pie garantiu US$ 11,5 milhões em financiamento em setembro para um aplicativo projetado para ajudar os usuários a conhecer locais na vida real como parte do que o fundador Andy Dunn chamou de “uma missão para derrotar o isolamento social”.

Mas analistas são céticos de que uma mudança para a amizade aumentará significativamente o crescimento da receita para as empresas de namoro online existentes.

Tinder, Hinge, Grindr e Bumble todos dependem de modelos de assinatura “freemium” para a maior parte de suas receitas, mas analistas alertam que as plataformas podem ter dificuldade em encontrar usuários dispostos a pagar para encontrar amizades —especialmente quando redes sociais comuns, como o Facebook, são gratuitas.

“As pessoas estão mais dispostas a pagar por romance do que por amigos”, disse Ygal Arounian, analista do Citi.

Tanto a Bumble quanto a Muzz disseram que estavam considerando parcerias pagas e publicidade para monetizar seus produtos de procura por amizade, além de assinaturas.

Mas construir um negócio de publicidade bem-sucedido pode exigir um grande esforço para recrutar novos usuários e promover o engajamento diário com os produtos. O BFF da Bumble tem apenas 735 mil usuários ativos mensais, segundo a Sensor Tower, enquanto seu principal produto tem mais de 20 milhões.

Conectar o pagamento com encontros na vida real é outra opção. Usuários do Timeleft, por exemplo, pagam uma taxa ou fazem uma assinatura para reservar um espaço em um dos jantares semanais da empresa. O Timeleft fica com toda a taxa, enquanto os usuários pagam por suas próprias refeições em restaurantes parceiros.

Mas mesmo que não ganhem dinheiro por si mesmos, a Bumble e a Muzz estão apostando que os produtos de amizade ajudarão a manter os usuários engajados com suas marcas, mesmo quando não estão ativamente buscando um parceiro, além de oferecer uma rota para seus negócios de namoro mais lucrativos.

O CEO do Timeleft, Maxime Barbier, disse que os produtos de amizade podem ser o futuro dos encontros online. “Relacionamentos como são hoje —deslizar, enviar mensagens e primeiros encontros um a um— estão morrendo. As pessoas estão tão cansadas disso e nos veem como uma alternativa.”