Argentina prende militante de extrema direita por apoiar nas redes atentado contra Cristina
Um militante de extrema direita foi preso na Argentina nesta segunda-feira, depois de ter apoiado…
Um militante de extrema direita foi preso na Argentina nesta segunda-feira, depois de ter apoiado publicamente a tentativa de assassinato contra a vice-presidente Cristina Kirchner, através das redes sociais. Identificado como José Derman, o homem já tinha pelo menos um outro caso aberto por assédio digital, e pertencia a um grupo de La Plata, conhecido como Centro Cultural Kyle Rittenhouse, onde havia inscrições e pinturas ligadas à extrema direita, de acordo com o jornal La Nación. Ao chegar ao local, policiais também encontraram um projétil de morteiro de 83 centímetros.
Um dia antes, a polícia deteve Brenda Uliarte, a namorada de Fernando Andrés Sabag Montiel, o brasileiro residente na Argentina acusado de atacar a vice-presidente.
No fim de semana, Derman publicou um vídeo no YouTube intitulado “Nosso total apoio ao herói brasileiro que tentou fazer justiça aos argentinos”, em referência a Sabag Montiel. Na gravação, onde aparece com o rosto descoberto, ele expressa seu apoio ao brasileiro, que disparou contra o rosto da vice-presidente na noite quinta-feira. A arma não funcionou.
Essa é uma das questões que o militante de extrema direita lamenta nas imagens, além de criticar duramente o governo do presidente Alberto Fernández e pedir que se “arranque o Marxismo pela raiz”. Além disso, Derman exalta o papel do “centro cultural” ao qual pertence, afirmando se tratar do primeiro “abertamente de direita” em La Plata e em toda a Argentina.
Apesar de o local não ser oficialmente filiado ao partido Avança Liberdade, liderado pelo economista Javier Milei, foram encontrados desenhos e panfletos com o rosto do deputado em sua sede. Em outros vídeos em que o grupo compartilhou em suas redes sociais, também é possível ver o rosto de Milei, admirador de Donald Trump e de Jair Bolsonaro, pintado nas paredes.
Na página no Facebook do Centro Cultural Kyle Rittenhouse, onde o grupo compartilhou o vídeo de Derman, há vários comentários polêmicos com piadas sobre o que aconteceu na noite de quinta-feira. Há também post misóginos, vídeos do cantor guatemalteco Ricardo Arjona, que criticou a quarentena e o uso de máscaras durante a pandemia do coronavírus, e repercussões da imprensa antes da prisão de Derman. “Mais uma vez somos notícia, compatriotas”, comemoraram usuários na página do Facebook.
Kyle Howard Rittenhouse, que dá nome ao local, é um americano conhecido por matar duas pessoas e ferir uma terceira durante um protesto antirracismo na cidade de Kenosha, Wisconsin, em agosto de 2020, quando tinha 17 anos. Ele foi absolvido.
No domingo, a juíza do caso, María Eugenia Capuchetti, decretou o sigilo do inquérito após ter tomado declarações de testemunhas e depois de ter analisado, juntamente com o promotor Carlos Rívolo, parte das informações obtidas das câmeras de segurança da área onde ocorreu o ataque, no bairro nobre da Recoleta, em Buenos Aires.
As imagens analisadas pela juíza e pelo promotor foram peça-chave para ordenar o sigilo do inquérito e a prisão da namorada do brasileiro. Se antes o governo argentino acreditava que Sabag Montiel não tinha cúmplices, agora a hipótese da Justiça é que ele não agiu sozinho. O brasileiro é acusado de tentativa de homicídio qualificado.
Uma das dificuldades do inquérito é a dificuldade de desbloquear o celular de Sabag Montiel. Depois de várias tentativas na sede da Superintendência de Investigações Federais argentina, no bairro de Palermo, onde o brasileiro continua detido, o aparelho foi enviado a agentes da Polícia de Segurança Aeroportuária (PSA), no Aeroporto Internacional de Ezeiza. A decisão foi tomada porque a PSA disse contar com um sistema israelense que permitiria ter acesso ao celular. Mas até agora todas as tentativas falharam, confirmou ao GLOBO uma fonte do governo argentino.