Aspirina para prevenir 1º ataque cardíaco deixa de ser recomendada nos EUA
Risco de hemorragia supera os benefícios do tratamento, concluiu força-tarefa
Pessoas de 60 anos ou mais sob risco de doenças cardíacas não devem fazer uso diário de baixa dosagem de aspirina a fim de prevenir um primeiro ataque cardíaco. O risco de sangramento interno que isso causa supera os benefícios do tratamento, recomendou um painel de especialistas dos Estados Unidos na terça-feira (12).
A Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos (USPSTF, na sigla em inglês) anunciou que tem planos de atualizar sua recomendação de 2016, uma vez que surgiram novas indicações de que o risco de hemorragia interna potencialmente fatal aumenta com a idade entre os que tomam regularmente aspirina.
A força-tarefa, um grupo de 16 especialistas independentes em prevenção de doenças, criado pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, também disse que as indicações eram insuficientes para afirmar que o uso de uma baixa dosagem de aspirina reduz a ocorrência de mortes causadas por câncer colorretal.
A recomendação, caso venha a receber aprovação final, substituirá a orientação anterior do painel. Em 2016, ele afirmou que uma dose diária baixa de aspirina poderia também ajudar as pessoas que a estivessem usando para prevenir ataques cardíacos e derrames a evitar o câncer colorretal.
A nova recomendação não inclui pessoas que tenham sofrido um ataque cardíaco ou um derrame anteriormente e usem aspirina no dia a dia a fim de prevenir um evento cardiovascular subsequente. O painel disse que essas pessoas deveriam continuar utilizando o remédio, a menos que seus médicos lhes digam o contrário.
“É difícil determinar em que grau uma determinada prova, seja um estudo individual seja uma orientação prática, fará com que as normas de campo mudem”, disse Caleb Alexander, professor de epidemiologia na Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, que não é integrante da força-tarefa.
A aspirina, usada há décadas para dor e febre, à venda sem necessidade de receita médica, era vista como uma opção prática e barata para ajudar as pessoas sob risco de problemas cardíacos graves.
Pesquisadores vêm avaliando o uso diário de doses baixas de aspirina em pessoas que não têm um histórico de doenças cardíacas, mas que correm risco grande de desenvolvê-las devido a problemas de saúde como o colesterol elevado e a pressão sanguínea alta.
“É importante que as pessoas na casa dos 40 aos 59 anos que não tenham histórico de doenças cardíacas conversem com seus médicos e decidam, com eles, se começar a tomar aspirina é o certo para elas”, afirmou em comunicado o médico John Wong, integrante da força-tarefa.
Para as pessoas com idades de 50 a 59 anos, o painel recomendava anteriormente a medicação apenas para aquelas que tenham risco de ataque cardíaco ou derrame de pelo menos 10% na próxima década, e que não estejam mais sujeitas que a média a problemas de hemorragia.