Ataque a tiros deixa três mortos e três feridos em Paris
Um dos feridos está em estado grave
Um atirador abriu fogo no 10º arrondissement, região central de Paris, deixando três mortos e três feridos, um deles em estado grave, por volta do meio-dia desta sexta-feira.
Segundo a BBC, a Promotoria da capital francesa investiga a possibilidade de a motivação ter sido racismo, já que testemunhas afirmaram que, entre os três locais atacados pelo atirador, está um centro comunitário curdo. Os dois outros alvos do ataque foram um restaurante e um salão de cabelereiros, onde duas pessoas foram atingidas por disparos.
Um homem de 69 anos de nacionalidade francesa, que está entre os feridos, foi detido. Segundo a procuradora-geral de Paris, Laure Beccuau, o suspeito foi acusado previamente de violência racista por ter atacado, em 8 de dezembro de 2021, um campo de migrantes em Paris com uma espada.
Segundo a AFP, ele também tem outra passagem pela polícia por tentativas de homicídio em 2016, mas não constava nos arquivos de inteligência territorial e da Direção-Geral de Segurança Interna (DGSI). O homem foi solto recentemente, mas ainda não está claro por quê.
— Há três mortos, uma pessoa em estado gravíssimo, duas em estado grave e o suspeito, que foi detido, também está ferido, sobretudo na face — disse Beccau à imprensa.
A polícia de Paris isolou a área perto do Centro Cultural Curdo Ahmet-Kaya, na Rua d’Enghien, e recomendou que pedestres evitem a região.
A prefeita de Paris, Mayor Anne Hidalgo, disse que os assassinatos foram cometidos por um “ativista de extrema direita”.
— Onde quer que vivam, os curdos devem ser capazes de viver em paz e segurança. Mais do que nunca, Paris está a seu lado nesses tempos obscuros — disse Hidalgo.
Previamente, no Twitter, a prefeita agradeceu à polícia por “sua intervenção decisiva esta manhã durante o terrível ataque no 10°”.
“Pensamentos para as vítimas e suas famílias. Estamos do lado deles. Uma unidade de atendimento psicológico será aberto no prédio da prefeitura do 10°”, escreveu.
‘Pânico total’
Os tiros pouco antes do meio-dia causaram pânico entre os moradores do bairro, uma área movimentada com inúmeras lojas, restaurantes e bares. Um lojista, que não quis se identificar, contou ter ouvido de “sete a oito tiros na rua”:
— Foi um pânico total, ficamos trancados lá dentro — disse à AFP.
— Vimos um velho senhor branco entrar e atirar no centro cultural curdo, depois ele foi ao salão de cabeleireiro ao lado. Nos refugiamos no restaurante com os funcionários — disse Romain, vice-diretor do restaurante Pouliche Paris, localizado na mesma rua.
Emmanuel Boujenan, morador da região, disse que o homem foi preso no salão de cabeleireiro.
— Houve gente que entrou em pânico, gritando com a polícia ‘está aí, está aí, entre’ — explicou, dizendo ter visto duas pessoas no chão da sala com ferimentos nas pernas.
Membros do centro cultural Ahmed Kaya choravam, abraçando-se para se consolar, observou um jornalista da AFP. O local, nomeado em homenagem ao cantor homônimo, é uma associação cujo objetivo é “promover a integração gradual” da população curda residente em Île-de-France.
Em viagem ao norte do país, o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, lamentou o episódio nas redes sociais e anunciou seu retorno à Paris.
“Após o ataque dramático desta manhã, estou voltando para Paris e irei para lá. Todos os meus pensamentos vão para os entes queridos das vítimas”, compartilhou.
Emmanuel Grégoire, vice-prefeito de Paris, agradeceu à polícia por “sua ação rápida”.