"CRIMES DE GUERRA"

Ataque de Israel a comboio de ambulâncias deixa 15 mortos e causa indignação internacional

Hamas afirma que bombardeio deixou 15 mortos e 60 feridos; secretário-geral da ONU, António Guterres, diz estar 'horrorizado'

Comboio de ambulâncias - Explosões em território palestino deixaram 15 mortos e 60 feridos. Israel assumiu autoria e causou indignação internacional (Foto: reprodução/O Globo)

Um ataque israelense a um comboio de ambulâncias na Faixa de Gaza que, segundo o grupo terrorista Hamas, deixou 15 mortos e 60 feridos, suscitou condenação e preocupação pela segurança dos profissionais de saúde no território palestino.

Israel reconheceu a ação e garantiu que a ambulância foi “utilizada por uma célula terrorista do Hamas”, que por sua vez negou e defendeu que o veículo transportava feridos para o Egito.

“Estou horrorizado com o alegado ataque em Gaza a um comboio de ambulâncias em frente ao hospital Al Shifa”, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, em um comunicado. “As imagens dos corpos espalhados na rua em frente ao hospital são comoventes”, acrescentou.

O Crescente Vermelho Palestino afirmou que “o comboio era composto por cinco ambulâncias”, incluindo uma do Ministério da Saúde do território palestino controlado pelo Hamas e outra da ONG, equivalente à Cruz Vermelha no mundo islâmico.

Segundo a ONG, o ataque ocorreu a dois metros da entrada da casa de saúde. Uma segunda ambulância foi atingida “a cerca de um quilômetro do hospital”, fazendo vários feridos, acrescentou o Crescente Vermelho.

O exército israelense informou em um comunicado que o seu avião “atacou uma ambulância identificada pelas forças israelenses como sendo utilizada por uma célula terrorista do Hamas, perto das suas posições na zona de combate”.

O Hamas respondeu que estas alegações “sobre a presença de combatentes dentro das ambulâncias atacadas são falsas e novas mentiras (…) usadas para justificar os crimes (de guerra)”.

O porta-voz do ministério da Saúde controlado pelo Hamas, Ashraf al Qidreh, afirmou que a ambulância fazia parte de um comboio “que transportava vários feridos para serem hospitalizados no Egito”.

Medida foi tomada no mesmo dia em que a milícia huthi, que governa o norte do Iêmen, ter reivindicado um ataque com mísseis balísticos contra alvos israelenses

O Crescente Vermelho destacou que “o ataque deliberado de equipes médicas constitui uma violação grave da Convenção de Genebra”.

Já o exército israelense acusou em 27 de outubro o Hamas de “travar a guerra a partir dos hospitais” na Faixa de Gaza, algo que o grupo terrorista islâmico nega.

‘Totalmente chocado’

Em frente ao hospital Al Shifa, onde milhares de pessoas se refugiaram dos bombardeios israelenses, um repórter da AFP viu numerosos corpos e vários feridos ao lado de uma ambulância danificada.

OMS: ‘pacientes e profissionais da Saúde devem estar sempre protegidos’

Imagens da agência de notícias AFP mostram civis carregando feridos ensanguentados. Outras pessoas estão caídas no chão, atiradas contra carros estacionados na beira da estrada pela onda de choque.

O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou na rede social X (ex-Twitter) estar “chocado com os relatos de ataques a ambulâncias”.

“Reiteramos: os pacientes, o pessoal de saúde, as instalações e as ambulâncias devem estar protegidos em todos os momentos. Sempre”, acrescentou.

A Coordenadora de Assuntos Humanitários da ONU, Lynn Hastings, declarou-se “alarmada” com uma operação dirigida contra “pacientes que estavam sendo evacuados” da área para “locais seguros”.

A guerra entre Israel e o Hamas começou em 7 de outubro, quando comandos do grupo terrorista mataram mais de 1.400 pessoas, a maioria delas civis, dentro do território israelense, e levaram cerca de 240 pessoas como reféns para Gaza, segundo relatórios de Tel Aviv.

Bombardeios em retaliação foram lançados desde então por Israel em uma contraofensiva, reforçados com operações terrestres desde a última semana. Eles já mataram, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, mataram mais de 9.200 pessoas, incluindo mais de 3.800 crianças palestinas.