Candidata anti-lockdown abre dianteira em eleição em Madri
Com ataques às restrições antipandemia, a conservadora Isabel Díaz Ayuso, 42, deve garantir nesta terça…
Com ataques às restrições antipandemia, a conservadora Isabel Díaz Ayuso, 42, deve garantir nesta terça (4) sua volta ao governo de Madri, a mais rica região da Espanha, com peso considerável na política nacional.
Desde o começo de março, quando renunciou ao cargo após romper com seu parceiro de coalizão, o Ciudadanos, Ayuso passou de 35% para 41% das intenções de voto. Se confirmados, os números devem deixá-la perto dos 69 assentos que garantem a maioria da Assembleia regional.
A especialista em comunicação política também viu a vantagem de seu Partido Popular (PP) mais que dobrar sobre o principal rival, o socialista PSOE, do primeiro-ministro Pedro Sánchez, cujo candidato, Ángel Gabilondo, desceu de 26% para 22%.
Num campo de batalha dominado pela pandemia, Ayuso apostou no cansaço da população com as restrições e quarentenas, atacou o governo central por prejudicar Madri e adotou como slogan a palavra “Liberdade”.
Definindo-se como libertária, determinou limites menos rígidos a bares e restaurantes, sob o argumento de que seria inviável fechá-los antes das 23h numa cidade conhecida por seus hábitos noturnos.
“Provavelmente em outras províncias, tudo termina às 20h”, provocou —em algumas regiões, o toque de recolher começa às 18h. “No estilo de vida madrilenho, as pessoas trabalham com responsabilidade e são tratadas como adultos”, afirmou ao defender sua estratégia.
Como resultado, ganhou cabos eleitorais no setor de entretenimento —bares e restaurantes expuseram fotos e faixas agradecendo à candidata— e atraiu parte dos eleitores de outros partidos.
As medidas mais leves foram apontadas pela oposição como responsáveis por elevar a taxa de contágio de Covid-19 em Madri, uma das maiores na Espanha. Ayuso, porém, afirma que os números são mais baixos que os de países vizinhos, como a França, e se justificam pela densidade populacional.
O confronto com a gestão Sánchez desembocou em trocas de declarações inflamadas. A governadora acusou o governo central de “tentativa patética e nojenta de espalhar o medo com fins eleitorais” e atribuiu ao premiê “um estilo radical como o da Venezuela”. Sánchez a criticou por recorrer a “insultos, provocações e polarização”.
Durante a campanha, Ayuso deixou claro que em seu polo oposto está a esquerda. “Comunismo ou Liberdade” , escreveu ela em sua rede social quando o esquerdista Pabro Iglesias, do Podemos, deixou o governo central para concorrer em Madri.
Manifestantes de esquerda rebateram com o slogan “Democracia ou Fascismo”, ao que ela treplicou: “Quando te chamam de fascista, você sabe que está do lado certo da história”. Criticada por legitimar o partido de ultradireita Vox, Ayuso afirmou em entrevista que um apoio da sigla “não é o fim do mundo”.
A política conservadora tem dito que quer governar sozinha: “Coalizões não são boas, especialmente nos momentos em que reformas profundas precisam ser implementadas para recuperar a vida normal em Madri”.
Mas, se não chegar às majoritárias 69 cadeiras, precisaria ainda do Vox para um acordo de confiança em um governo minoritário. Com cerca de 4% das intenções de voto, o Ciudadanos corre o risco de ficar fora da Assembleia por não atingir a barreira de 5%.
Do outro lado do espectro ideológico, a novidade das últimas semanas é o crescimento da sigla Más Madrid, que anuncia uma plataforma feminista, social-democrata e eco-socialista.
Liderado pela candidata Mónica Garcia, 47, o partido verde carregou votos da esquerda e chega às vésperas das eleições em terceiro lugar, com 16% das intenções de voto.