GUERRA

Chefe da Inteligência ucraniana diz que Rússia quer dividir o país em dois

Após fracassar em tomar todo o terrítório, Moscou tenta 'criar a Coreia do Sul e do Norte na Ucrânia', diz Kyrylo Budanov

Ucrânia encontra 440 corpos em vala comum na cidade reconquistada de Izium (Foto: Reprodução)

O chefe da Inteligência militar da Ucrânia alertou, neste domingo, que a Rússia quer dividir o país em dois, numa tentativa de “criar a Coreia do Sul e do Norte na Ucrânia”. Segundo Kyrylo Budanov, como a Rússia fracassou em tomar todo o território ucraniano, o objetivo agora é criar uma região controlada por Moscou.

— De fato, é uma tentativa de criar a Coreia do Sul e do Norte na Ucrânia — disse Budanov em uma declaração citada pela agência Reuters.

Na última sexta-feira, após sucessivas derrotas no front, o Ministério da Defesa russo afirmou que a meta prioritária é obter a “completa liberação do Donbass”, uma mudança de estratégia para o conflito. Segundo o ministério, os ataques contra outras áreas do país buscam impedir o envio de reforços ao fronte oriental.

A declaração de que a prioridade é a “liberação” do Donbass —  região do leste da Ucrânia onde ficam os territórios separatistas de Luhansk e Donetsk — indica que Moscou pode ter estipulado metas menos ambiciosas após a inesperada resistência ucraniana no primeiro mês de guerra.

A Rússia invadiu a Ucrânia, no final de fevereiro, alegando se tratar de um ato de defesa em favor dos grupos rebeldes pró-russos do leste, que se autoproclamaram as “repúblicas” de Donetsk e Luhansk. Antes da ofensiva, o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência destas duas regiões.

Grande parte destes territórios industrializados, que em sua maioria abrigam a população de língua russa, saíram do controle da Ucrânia, quando o conflito eclodiu em 2014. Foram mais de 14 mil mortos. No mesmo ano, a Rússia anexou a península da Crimeia, então território ucraniano, após a derrubada de um líder próximo a Moscou.

Líder de região rebelde do país quer referendo

O líder da região separatista de Lugansk, na Ucrânia, disse neste domingo que poderá organizar um referendo para decidir se o território se tornará parte da Rússia, depois que Moscou enviou tropas para este território. O governo ucraniano, por sua vez, afirmou que uma possível consulta não teria terá base legal e enfrentaria uma forte resposta da comunidade internacional, aprofundando seu isolamento global.

— Acredito que, em um futuro próximo, será organizado um referendo no território da República, em que as pessoas poderão expressar sua opinião sobre se devemos nos unir à Federação Russa  — disse líder dos separatistas de Luhansk, Leonid Pasechnik.  — Por alguma razão, tenho certeza de que este será o caso.

Em nota, o o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, respondeu que “todos os referendos falsos nos territórios temporariamente ocupados são nulos e sem validade legal”.

“Em vez disso, a Rússia enfrentará uma resposta ainda mais forte da comunidade internacional, aprofundando ainda mais seu isolamento global”.