Cidades chinesas vão penalizar a quem se recusar a tomar vacina
Como parte de uma estratégia de tolerância zero, ou eliminação do coronavírus, ao menos 12…
Como parte de uma estratégia de tolerância zero, ou eliminação do coronavírus, ao menos 12 cidades chinesas anunciaram que vão punir os residentes que se recusarem a receber a vacina contra a Covid-19 caso ocorram novos surtos da doença nesses territórios. Não foi detalhada, porém, qual será a punição.
As autoridades locais disseram apenas que “responsabilizariam” os não vacinados que fossem responsáveis por espalhar a doença —estão excluídos aqueles que não tomaram o imunizante por indicação médica.
Na última semana, medida semelhante foi anunciada em cidades da província central de Hubei, onde os hesitantes entre 12 e 17 anos ou com mais de 18 podem ser impedidos de trabalhar e entrar em hospitais e estações de trem.
Com 54% da população vacinada, de acordo com os dados mais recentes, o país asiático vem reforçando medidas de erradicação da doença e adotando abordagens mais rigorosas. O principal temor é a variante delta, que motivou novo surto em julho, mesmo após uma trajetória exitosa no combate ao vírus.
Nesta segunda-feira (23), a China não registrou novos casos de Covid transmitidos localmente pela primeira vez desde o último mês, segundo informou a Comissão Nacional de Saúde. As autoridades projetam que a porcentagem de imunizados precisa chegar a 80% para que o país alcance a imunidade coletiva.
O anúncio das possíveis punições não foi bem recebido por parte dos chineses. Na plataforma Weibo, similar ao Twitter, alguns expressaram indignação com a política, que iria contra as liberdades individuais.
As determinações dos governos locais parecem ainda não ter encontrado eco a âmbito nacional, já que o regime liderado por Xi Jinping não anunciou punição semelhante para todo o país. Ao Global Times, de Pequim, ligado ao Partido Comunista Chinês, um professor de política pública da Universidade Tsinghua criticou a medida.
Xue Lan disse que as determinações locais não significam que o país mudou sua política de vacinação, hoje voluntária, para obrigatória. “A pressão sob os governos locais não é justificativa para forçar as pessoas a receberem a vacina”, declarou. “Eles devem encontrar melhores maneiras, como fornecer dados concretos e boas histórias, para dizer às pessoas por que a inoculação é importante.”
Um leque de outras medidas também tem sido posto em prática por diferentes províncias chinesas na tentativa de erradicar a doença. Visitas de porta em porta e veículos de vacinação móvel fazem parte da estratégia.
Funcionários públicos têm organizado o transporte de idosos que vivem em regiões rurais e montanhosas até postos de vacinação que ficam a mais de 10 quilômetros de distância, como já foi feito na vila de Changfeng, na província de Sichuan.