"Vergonhoso e inaceitável"

Deputado dos EUA diz para família Bolsonaro ficar longe da eleição americana

Em uma postagem no Twitter, Eliot Engel fez críticas ao compartilhamento, pelo deputado Eduardo Bolsonaro, de um vídeo da campanha à reeleição de Trump em que ele ataca líderes democratas

Deputado democrata afirma sobre vídeo compartilhado por deputado Eduardo Bolsonaro nas redes sociais: 'Vergonhoso e inaceitável'

O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Estados Unidos pediu que a família Bolsonaro fique fora da eleição presidencial americana de 3 de novembro. Em uma postagem no Twitter, o deputado democrata Eliot Engel fez críticas ao compartilhamento no domingo, pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), de um vídeo da campanha à reeleição do presidente Donald Trump em que ele ataca líderes democratas.

“Já vimos esse roteiro antes. É vergonhoso e inaceitável. A família Bolsonaro precisa ficar fora da eleição americana”, escreveu Engel.

Na vídeo, aparecem a candidata derrotada por Trump na última eleição, Hillary Clinton, o ex-presidente Bill Clinton e o antecessor de Trump na Casa Branca, Barack Obama. Entre imagens de Trump, há a seguinte mensagem: “Primeiro eles te ignoram. Depois, riem de você. Depois o chamam de racista. Seu voto vai mostrar que eles estão todos errados.”

Eduardo Bolsonaro —  que postou o vídeo nas redes sociais no dia em que toda a imprensa mundial trazia reportagens sobre as perspectivas para a eleição nos EUA a 100 dias da votação —  chegou a ser indicado pelo pai para assumir a Embaixada do Brasil em Washington no ano passado, mas a nomeação acabou não se concretizando por causa da resistência que provocou nos senadores, que deveriam aprová-la.

O deputado viajou aos Estados Unidos para se reunir com lideranças republicanas e o ex-estrategista de Trump Steve Bannon ainda antes da posse do pai. Na ocasião, posou com o boné da campanha à reeleição de Trump.

Depois, acompanhou Bolsonaro em sua primeira viagem oficial a Washington, em março de 2019. Em agosto daquele ano, teve novo encontro com Trump, quando viajou aos Estados Unidos para, segundo disse na época, agradecer o apoio da Casa Branca ao governo brasileiro, que estava sob críticas internacionais por causa do aumento das queimadas na Amazônia.

O próprio presidente Bolsonaro disse mais uma vez, na semana passada, que torce pela reeleição de Trump, mas que tentará estabelecer uma relação produtiva com o democrata Joe Biden se ele vencer a disputa.

O deputado Eliot Engel, que está no seu 16º mandato de dois anos cada, não estará no Congresso no próximo ano. No mês passado, ele perdeu a eleição primária em seu distrito, em Nova York, para Jamaal Bowman, um diretor de colégio negro que pertence à ala esquerda do Partido Democrata.

De toda forma, deputados democratas de diferentes correntes já indicaram que, em um governo de Biden, serão mais duros com o governo Bolsonaro em temas como direitos humanos e meio ambiente.

Não é da praxe diplomática que governos demonstrem sua preferência em eleições de outros países, já que isso pode contaminar as relações de longo prazo entre Estados e caracterizar ingerência indevida na política interna alheia.

Bolsonaro, seus filhos e alguns ministros, no entanto, fizeram o mesmo no pleito presidencial do ano passado na Argentina, quando torceram publicamente pela reeleição de Mauricio Macri contra o rival peronista Alberto Fernández, que acabou eleito.