Em visita à Ucrânia, Erdogan assina acordo para reconstrução no pós-guerra
Os presidentes da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, assinaram um acordo…
Os presidentes da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, assinaram um acordo nesta quinta-feira para a reconstrução da infraestrutura ucraniana após a guerra. Erdogan está em Lviv, junto com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para um encontro com Zelensky sobre assuntos relacionados ao conflito.
Entre as principais ações do acordo, está a criação de uma força-tarefa que “coordenará a reconstrução das instalações de importância social e econômica da Ucrânia, como estradas, pontes, infraestrutura de água e eletricidade, hospitais e escolas”, segundo a agência estatal turca Anadolu.
Em uma mensagem postada no Telegram, Zelensky disse que a visita de Erdogan “é uma poderosa mensagem por parte de um país tão importante” como a Turquia. Já o turco, que vem nos últimos anos estreitando os laços com Vladimir Putin, afirmou que acredita “que, pessoalmente, a guerra pode acabar por meio de uma mesa de negociações” e disse que avaliaria as conversas com o presidente russo.
Há quinze dias, em um encontro a portas fechadas, Erdogan e Putin se reuniram em Sochi, cidade no Sudoeste russo, para debater uma série de assuntos de interesse mútuo.
Pouco antes do encontro desta quinta, o presidente ucraniano pediu à ONU para “garantir a segurança” da usina nuclear de Zaporijia, a maior da Europa, e ocupada desde março pelo Exército russo. Guterres, por sua vez, afirmou que “qualquer potencial dano à central nuclear é um suicídio”.
— O bom senso deve prevalecer para evitar qualquer ação que possa colocar em perigo a integridade física ou a incolumidade da planta nuclear. É urgente um acordo para restabelecer Zaporijia como infraestrutura puramente civil e para garantir a segurança da área.
O governo ucraniano afirma que a Rússia armazena armas pesadas na usina e que bombardeia posições ucranianas. Também acusa as tropas russas de disparar contra setores da usina com o objetivo de atribuir esses bombardeios à Ucrânia. Nesta quinta, autoridades russas negaram ter usado armas pesadas no local e afirmaram que ali há apenas unidades encarregadas de garantir a segurança das instalações. Moscou também acusou Kiev de preparar uma “provocação esmagadora” na usina por ocasião da visita do secretário-geral da ONU à Ucrânia.
No encontro desta quinta, Guterres também tratou do progresso das exportações de grãos, que recentemente foram retomadas após um bloqueio de meses. Ele se encontrará separadamente com o presidente ucraniano antes de visitar o porto de Odessa, o maior da Ucrânia, no Mar Negro, na sexta-feira.
O primeiro navio fretado pela ONU deixou o porto ucraniano de Pivdenny para a Etiópia, na terça-feira, com uma carga de 23 mil toneladas de trigo. A Ucrânia diz que haverá mais dois ou três embarques em breve.
Entre 1º e 15 de agosto também foram autorizadas as saídas de 21 navios comerciais com mais de 563 mil toneladas de produtos agrícolas, incluindo mais de 451 mil toneladas de milho. Os principais destinos dos produtos foram Turquia (26%), Irã (22%) e Coreia do Sul (22%).
Na manhã desta quinta-feira, Guterres visitou a Universidade Nacional Ivan Franko, em Lviv. Cercado por seguranças, o secretário-geral da ONU percorreu a região relativamente calma, enquanto estudantes e transeuntes faziam sua rotina diária na cidade. Os últimos ataques com mísseis russos que atingiram Lviv ocorreram no início de maio.
Poucas horas antes do encontro, no entanto, a Rússia bombardeou a região de Kharkiv e matou pelo menos cinco pessoas.