Equador pede extradição de Correa, que recebe asilo da Bélgica
Correa foi condenado em 2020 em seu país de origem a oito anos de prisão pelo recebimento de propinas para financiar campanhas eleitorais entre 2012 e 2016
A Justiça do Equador emitiu nesta sexta-feira (22) um pedido de extradição do ex-presidente Rafael Correa da Bélgica, país que concedeu asilo ao político condenado por corrupção.
Correa foi condenado em 2020 em seu país de origem a oito anos de prisão pelo recebimento de propinas para financiar campanhas eleitorais entre 2012 e 2016. Ele nega as acusações e acusa seus oponentes de perseguição política.
“Isso não é sobre perseguição política, mas sobre a decisão de um Estado soberano”, disse o juiz Ivan Saquicela. “Uma condenação por crimes de corrupção foi ratificada”.
Ainda segundo o magistrado, o pedido respeita tratados internacionais, bem como um acordo de extradição que o Equador tem com a Bélgica.
O pedido de extradição deverá ser encaminhado à chancelaria de Quito antes de ser enviado às autoridades belgas.
Correa vive na Bélgica desde que concluiu seu mandato, em 2017. Ele recebeu status de refugiado do país europeu, segundo documento emitido pelo governo de Bruxelas no último dia 15 à qual a agência de notícias AFP teve acesso.
Newsletter Lá fora Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes. * “É um alívio, porque quando te dão esta proteção, isso prova que você está sendo perseguido”, declarou Correa à AFP por telefone nesta sexta-feira.
Com relação ao pedido de extradição assinado nesta sexta, o ex-presidente declarou que as autoridades equatorianas “vão passar vergonha”.
Correa havia apresentado seu pedido de refúgio na Bélgica em 2018, país de origem de sua esposa, quando deixou o cargo após uma década na presidência.
De acordo com a Justiça equatoriana, durante o mandato de Correa tanto o ex-presidente como ex-funcionários e empresários participaram de um esquema de corrupção no qual subornos foram pagos em troca de contratos, o que levou à condenação de 18 pessoas.
O Ministério Público equatoriano sustenta que os envolvidos pediram propinas de quase US$ 7,6 milhões.
O ex-presidente defende sua inocência e critica o fato de ter sido vinculado ao processo por US$ 6 mil que entraram em sua conta bancária e que, segundo Correa, foram de um empréstimo de um fundo de seu partido.
Em fevereiro, a Procuradoria-Geral do Equador apreendeu os bens de Correa e outros funcionários do governo ligados ao caso. Em novembro, a justiça ordenou a apreensão das contas bancárias dos condenados.
O ex-presidente socialista também enfrenta julgamento, com mandado de prisão, pelo sequestro de um oponente na Colômbia em 2012.
Em sua tentativa de capturar Correa, o sistema de justiça equatoriano pediu à Interpol que o incluísse em sua lista vermelha de avisos, mas os pedidos foram rejeitados.