ATENTADO

Escritor Salman Rushdie é esfaqueado no pescoço em Nova York, diz polícia

O autor anglo-indiano Salman Rushdie foi atacado nesta sexta-feira quando se preparava para dar uma palestra em uma…

autor anglo-indiano Salman Rushdie foi atacado nesta sexta-feira quando se preparava para dar uma palestra em uma organização beneficente em Nova York, nos Estados Unidos.

Um homem invadiu o palco da Chautauqua Institution, onde ocorria o evento, e esfaqueou o escritor de 75 anos no pescoço, segundo nota da polícia à BBC.

O autor, que recebe ameaças de morte do Irã desde os anos 1980, caiu no chão, foi socorrido e levado ao hospital de helicóptero. O entrevistador que o acompanhava no evento também foi ferido.

Ainda segundo a polícia nova-iorquina, o suspeito de atacar o escritor foi detido e ainda não há detalhes sobre sua identidade ou motivações.

Rushdie, um dos maiores escritores de sua geração, é perseguido por autoridades iranianas desde a publicação de “Os Versos Satânicos” em 1988, romance de fantasia considerado ofensivo a Maomé e à fé islâmica.

À época do lançamento do livro, o aiatolá Khomeini, do Irã, defendeu que o escritor fosse assassinado, e a perseguição foi mantida em vigor pelas mais altas autoridades religiosas do país em 2005.

Desde o episódio envolvendo este que segue como seu livro mais célebre —e que já rendeu um atentado fracassado contra sua vida em 1989—, Rushdie passou a viver sob forte segurança no Reino Unido, onde estudou desde a juventude. Hoje, ele vive nos Estados Unidos.

O autor nascido em Bombaim venceu o Booker, principal prêmio da literatura em língua inglesa, por “Os Filhos da Meia-Noite” em 1981, e tem entre seus outros livros mais famosos “O Último Suspiro do Mouro” e “Oriente, Ocidente”. Ele é publicado no Brasil pela Companhia das Letras.

Em “Joseph Anton”, sua obra mais autobiográfica publicada há dez anos, ele conta as memórias de seus anos se escondendo da perseguição religiosa com o nome falso que intitula o livro.

Seu projeto literário é marcado pela exploração fantástica das tradições religiosas e culturais de diversas civilizações espalhadas pelo mundo, sempre com um estilo afiado e sem concessões. O incômodo provocado por “Os Versos Satânicos” envolvia o fato de o livro ficcionalizar a vida do profeta Maomé.

Durante o lançamento de seu livro mais recente, “Quichotte”, no ano passado, ele deu entrevista a este jornal defendendo a reconstrução de verdades objetivas pelo jornalismo em um mundo cada vez mais conduzido por narrativas e crenças subjetivas.