Estados onde Trump quer anular eleição apresentam sua defesa à Suprema Corte
Autoridades da Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin classificaram o processo movido pelo Texas como um ataque temerário à democracia
Quatro estados americanos que o presidente Donald Trump perdeu na eleição de 3 de novembro entraram na Justiça nesta quinta-feira contra uma ação judicial movida pelo Texas, e apoiada pelos republicanos, na Suprema Corte para invalidar a vitória do presidente eleito Joe Biden.
Autoridades da Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin já classificaram o processo, que visa anular os resultados das votações nos quatro estados, como um ataque temerário à democracia. A Suprema Corte havia dado aos quatro estados um prazo até as 17h para protocolar os papéis do caso.
A Pensilvânia foi a primeira a entrar com o processo, com o procurador-geral democrata do estado, Josh Shapiro, dizendo que o processo no Texas estava se somando a uma “cacofonia de falsas alegações” sobre a eleição.
— O que o Texas está fazendo neste processo é pedir a este tribunal que reconsidere uma massa de reivindicações infundadas sobre problemas com a eleição que já foram considerados e rejeitados por este tribunal e outros tribunais — acrescentou Shapiro.
A ação é apoiada por Trump e 17 outros estados. O presidente republicano alegou falsamente que venceu a reeleição e fez alegações infundadas de fraude eleitoral generalizada. Funcionários eleitorais estaduais disseram que não encontraram evidências de tal fraude.
“A Suprema Corte tem uma chance de salvar nosso país do maior abuso eleitoral na história dos Estados Unidos”, escreveu Trump no Twitter nesta quinta-feira, repetindo suas alegações infundadas de que a eleição foi fraudada contra ele.
O processo em si não faz alegações de fraude específicas, ao invés disso se concentra nas mudanças feitas pelos quatro estados nos procedimentos de votação em meio à pandemia de coronavírus para expandir a votação por correspondência. O Texas disse que essas mudanças removeram as proteções contra fraude e eram ilegais quando as reformas foram feitas por autoridades dos quatro estados ou tribunais sem a aprovação das legislaturas estaduais.
Especialistas jurídicos disseram que o processo tem poucas chances de sucesso e questionam se o Texas tem legitimidade para contestar os procedimentos eleitorais em outros estados.
Trump entrou com uma moção no tribunal na quarta-feira pedindo aos nove juízes que o deixem intervir e se tornar um autor da ação, que foi apresentada na terça-feira por Ken Paxton, o procurador-geral republicano do Texas e um aliado do presidente. Trump deveria se encontrar na quinta-feira com Paxton e outros procuradores-gerais do estado que apóiam o processo.
Se os juízes permitissem que Trump participasse do processo, isso criaria a circunstância extraordinária de um presidente dos EUA em exercício pedir ao tribunal americano que decidisse que milhões de votos expressos nos quatro estados não contavam. Biden derrotou Trump nos quatro estados, que Trump ganhou nas eleições de 2016.
Os democratas e outros críticos acusaram Trump de tentar reduzir a confiança do público na integridade das eleições nos EUA e minar a democracia ao tentar subverter a vontade dos eleitores.
O processo representa o mais recente de uma longa série de contestações legais — até agora malsucedidas — trazidas pela campanha de Trump e aliados que tentam mudar os resultados eleitorais.