EUA incluem PCC em lista de sanções a grupos ligados ao tráfico de drogas
Não há nomes de pessoas associadas à facção brasileira na lista, apenas o do próprio grupo
O Departamento do Tesouro dos EUA incluiu a facção criminosa PCC numa lista do governo americano para sanções financeiras em razão da associação ao narcotráfico. A lista tem novos 25 nomes –o PCC entre eles, o único do Brasil nesta nova leva– e foi divulgada pelos EUA na tarde desta quarta-feira (15).
A ordem executiva relacionada à lista foi assinada pelo presidente dos EUA, Joe Biden. Não há nomes de pessoas ou empresas associadas ao PCC, apenas a facção criminosa foi incluída na lista. A ideia é que esses nomes apareçam em uma nova etapa, de forma que seja possível aplicar sanções como bloqueio de bens e contas bancárias.
O Palácio do Planalto foi avisado na manhã desta quarta de que haveria a inclusão da facção criminosa na lista. O mesmo ocorreu com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, PF e Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
A nova lista do governo americano inclui organizações criminosas, empresas constituídas formalmente e pessoas acusadas de narcotráfico do Brasil, China, México e Colômbia. A partir dessa lista, o governo dos EUA pode bloquear bens e contas bancárias no país. A lista serve também de referência para instituições financeiras em outros países.
O PCC é descrito pelo Departamento do Tesouro como a maior organização criminosa do Brasil e uma das maiores do mundo. A facção surgiu em São Paulo na década de 90 e faz uso da violência e assassinatos para estabelecer a dominância no narcotráfico e lavagem de dinheiro, conforme o governo dos EUA. A facção criminosa opera ainda no Paraguai e na Bolívia e mira EUA, Europa, África e Ásia, ainda segundo a descrição do Departamento do Tesouro.
Cartéis de drogas mexicanos como o cartel de Jalisco e de Sinaloa integram a lista de sanções financeiras a serem definidas a partir da definição de nomes e empresas.
“Com esta designação, em estreita cooperação com as autoridades brasileiras, o objetivo é desmantelar e limitar as atividades de narcotráfico e lavagem de dinheiro do PCC”, disse a embaixada dos EUA em Brasília.
A ordem executiva assinada por Biden busca limitar o uso do sistema financeiro dos EUA para o desenvolvimento das atividades de narcotráfico, segundo um comunicado divulgado pela embaixada americana.
“Com a nova ordem executiva do presidente Biden, o Tesouro conseguirá aplicar suas sanções com maior rapidez, poder e efeito em todo o ecossistema das drogas ilícitas, especialmente aqueles que lucram com a morte e a miséria da epidemia de opiáceos”, disse o subsecretário de Terrorismo e Inteligência Financeira, Brian Nelson, ainda conforme o comunicado da embaixada.
A ideia do governo americano é manter pública a lista de organizações criminosas, empresas e pessoas físicas associadas ao narcotráfico, como forma de orientar a atuação do sistema financeiro em outros países.
A facção criminosa é o primeiro grupo do país na lista do Departamento do Tesouro, que já conta com os nomes de duas pessoas associadas ao Brasil. Uma delas é Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim, apontado pelos EUA como integrante da rede terrorista Al Qaeda no Brasil. A outra é uma pessoa com negócios com o país.