Ex-policial condenado pelo assassinato de George Floyd apela contra sentença
Na última noite do prazo, o ex-policial de Minneapolis Derek Chauvin, condenado a 22 anos…
Na última noite do prazo, o ex-policial de Minneapolis Derek Chauvin, condenado a 22 anos e meio de prisão pelo assassinato de George Floyd, apresentou um apelo a um tribunal distrital de Minnesota na quinta-feira, 23, no qual faz 14 queixas relacionadas a seu julgamento. Ele acusa o Estado de “má conduta” e cita uma lista de questões que o teriam prejudicado no processo.
Em abril, um júri considerou Chauvin, que é branco, culpado pelo assassinato não intencional de segundo grau, assassinato de terceiro grau e homicídio culposo na morte de Floyd, um homem negro. O veredicto foi visto como uma repreensão histórica ao uso desproporcional da força policial contra os negros americanos. A rua onde Floyd foi morto há um ano pelo policial branco virou símbolo de luta antirracismo na cidade.
O crime ocorreu em maio de 2020. O vídeo de Chauvin ajoelhado sobre o pescoço de Floyd já algemado, durante mais de oito minutos, causou indignação em todo o mundo e criou o maior movimento de protesto visto nos Estados Unidos em décadas.
Nas imagens que rodaram o mundo, o então policial aparece indiferente às queixas de dores do homem ou aos apelos das pessoas que passavam pelo local. Antes de morrer, Floyd, desesperado, repetia: “Eu não consigo respirar”.
Separadamente, Chauvin apresentou na quinta-feira uma moção para suspender o processo de recurso até que o Supremo Tribunal do Minnesota reveja uma decisão anterior que negou a ele um defensor público para o representar no recurso apresentado.
A apelação de Chauvin, que tinha um histórico de uso excessivo da força, critica a Justiça por não aceitar o adiamento ou mudança do local do julgamento, e por se recusar a isolar o júri durante o julgamento.
Chauvin disse que, na sua opinião, o juiz abusou de seu arbítrio quando negou os pedidos de sequestro do júri durante todo o julgamento – e também negar-lhe um novo julgamento devido ao que descreveu como “má conduta” do jurado.
O ex-policial ainda inclui na reclamação a adição da acusação de homicídio em terceiro grau e o fato de o tribunal não ter conseguido fazer um registro oficial de várias críticas ao longo do julgamento.
Chauvin e outros três policiais participaram na detenção de Floyd por supostamente ter usado uma nota falsa de 20 dólares em uma loja de Minneapolis, uma cidade do norte dos Estados Unidos com quase 400.000 habitantes. Os outros agentes que participaram na operação devem ser julgados no próximo ano.
Nos documentos apresentados, Chauvin afirma que não tem renda nem representação legal para o processo de apelação. Um fundo para sua defesa, que pagou pela assistência jurídica durante o julgamento, foi encerrado após o anúncio da sentença.
O ex-policial, que compareceu ao tribunal durante as seis semanas do julgamento, não testemunhou, invocando o direito à Quinta Emenda contra a autoincriminação.
O advogado de Chauvin alegou que o agente seguiu os procedimentos em vigor na polícia no momento e que a morte de Floyd foi provocada por problemas de saúde, agravados pelo consumo de drogas. Mas no fim do julgamento, que recebeu grande cobertura da imprensa, o júri o declarou culpado de assassinato após apenas 10 horas de deliberação.
Em junho, o juiz decretou uma pena de 22 anos e meio de prisão, para alívio de muitos ativistas da luta por igualdade racial que temiam uma absolvição. O advogado da família da vítima declarou que a sentença era um passo “histórico” para a reconciliação racial nos Estados Unidos. (Com agências internacionais).