JUSTIÇA

Ex-presidente argentino acusado de espionagem vai a depoimento, mas não responde perguntas

Outra vez acompanhado de um grupo de apoiadores, o ex-presidente da Argentina Mauricio Macri se…

Outra vez acompanhado de um grupo de apoiadores, o ex-presidente da Argentina Mauricio Macri se apresentou para uma audiência no tribunal de Dolores, na província de Buenos Aires, nesta quarta (3).

O ex-líder do país responde à acusação de espionagem contra os parentes das vítimas do acidente com o submarino ARA San Juan, que, ao afundar, em 2017, durante a gestão de Macri, deixou 44 mortos.

De acordo com a acusação, os familiares dos envolvidos na tragédia teriam sido vigiados em segredo pelo governo, que por sua vez estaria em busca das acusações que eles fariam à Justiça.

Trata-se da quarta intimação ao ex-presidente. Nas duas primeiras, ele não compareceu porque estava fora do país. Na terceira, a audiência foi suspensa devido a uma questão técnica: o juiz não havia feito o pedido para que Macri fosse isento de um mecanismo chamado proteção do segredo de inteligência.

Se liberado, o depoente pode revelar estratégias que fazem parte da órbita da segurança nacional.

Após esse episódio, os advogados do ex-presidente tentaram, novamente, impedir que o juiz Martín Bava, que acusam de atuar de maneira política, não técnica, continuasse no caso. Não tiveram sucesso.

Então, nesta quarta, o ex-líder argentino apresentou uma carta na qual chamou o magistrado e o governo de incompetentes, já que a gestão que o sucedeu teria “introduzido o processo pela janela”, uma forma de acusar os rivais de acelerar a ação para criar problemas a seus aliados na eleição legislativa do dia 14.

Por isso, um trecho da carta afirma que a “acusação somente encontra explicação, tristemente, no cenário eleitoral em que estamos”. “Lamento pelos heróis que foram vítimas no ARA San Juan e por suas famílias, assim como lamento por nossa República, nossas instituições e pela saúde da administração da Justiça.”

Depois de entregar o documento, Macri permaneceu em silêncio, sem responder às perguntas.

Na saída do tribunal, o advogado do ex-presidente, Pablo Lanusse, reforçou a narrativa de que o juiz teria como objetivo ajudar os peronistas. “O juiz Bava estava com o caso desde junho e só se lembrou de dar andamento a ele depois de 12 de setembro”, disse, em referência à data na qual a aliança governista foi duramente derrotada nas primárias das eleições legislativas.

Para o pleito propriamente dito, no dia 14, as pesquisas mais recentes apontam para uma vitória da oposição, liderada justamente por Macri, embora ele não dispute nenhum cargo neste momento.

Agora, o juiz deve decidir se levará o processo contra o ex-presidente adiante.