AMÉRICA DO SUL

Ex-presidente da Bolívia Jeanine Áñez é acusada de genocídio por procurador-geral

A Procuradoria-Geral da Bolívia apresentou, nesta sexta-feira (20), uma acusação contra a ex-presidente interina Jeanine…

A Procuradoria-Geral da Bolívia apresentou, nesta sexta-feira (20), uma acusação contra a ex-presidente interina Jeanine Áñez por “genocídio” e outros crimes, devido à morte de cerca de 20 manifestantes opositores em 2019.

Opositora do ex-presidente Evo Morales, Áñez era a segunda vice-presidente do Senado quando ele renunciou, em novembro de 2019, e foi proclamada presidente interina .

Ela deixou o poder em novembro, após a eleição de Luis Arce, um aliado de Morales, e foi presa em março sob as acusações de conspiração, sedição e terrorismo.

O procurador-geral Juan Lanchipa disse que apresentou ao Tribunal Supremo de Justiça “um pedido de denúncia contra a cidadã Jeanine Áñez”, que está em prisão preventiva desde março, mas a decisão sobre um julgamento cabe ao Congresso.

O crime mais grave do qual ela é acusada, o de genocídio, é sancionado com pena de 10 a 20 anos de prisão, de acordo com o Código Penal boliviano.

A acusação tem origem na denúncia de familiares das vítimas da repressão em 15 de novembro de 2019 na cidade de Sacaba, perto dao centro de Cochabamba, e em 19 de novembro, na usina de gás Senkata, na cidade de El Alto, vizinha de La Paz, disse o procurador.

De acordo com uma investigação do Grupo Interdisciplinar de Peritos Independentes (GIEI) da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), apresentada nesta semana em La Paz, em ambos os eventos morreram 22 pessoas (11 em cada um), do total de 37 mortes registradas após a renúncia do presidente de esquerda Evo Morales.

Lanchipa, por sua vez, disse que em Sacaba e Senkata houve “20 mortos”.

Esses eventos foram “provisoriamente classificados como genocídio, ferimentos graves e leves e ferimentos seguidos de morte”, disse o procurador.

A Suprema Corte deve pedir autorização ao Congresso para um “julgamento de responsabilidade ou privilégio”, que deve ser aprovado por dois terços do Parlamento, controlado pelo Movimento ao Socialismo (MAS) de Evo.

A ex-presidente não comentou a denúncia, mas postou na terça-feira (17) no Twitter: “Exigimos respeito à Constituição, garantias com o devido processo e igualdade de condições”.

Áñez, vários de seus ministros e ex-chefes militares e policiais são acusados pelo atual governo e pelo partido no poder de terem realizado um golpe contra Evo em 2019, com o apoio da Igreja Católica, da União Europeia, políticos da direita boliviana e do centro, além dos governos do argentino Mauricio Macri e do equatoriano Lenín Moreno.

A Bolívia entrou em convulsão após as eleições de outubro de 2019. Os resultados oficiais favoreceram Evo, que buscava a reeleição até 2025, mas a oposição denunciou uma fraude.