Justiça

Família de brasileiro vai recorrer de condenação por terrorismo na Espanha

A família do goiano Kayke Luan Ribeiro Guimarães, de 21 anos, condenado por terrorismo na Espanha, afirmou que…

A família do goiano Kayke Luan Ribeiro Guimarães, de 21 anos, condenado por terrorismo na Espanha, afirmou que recorrerá da sentença. Nesta terça-feira, a Justiça espanhola condenou Kayke a oito anos de prisão pelo crime de integração de organização terrorista.

Kayke foi detido em dezembro de 2014 na Bulgária quando tentava chegar à Síria para se unir ao grupo Estado Islâmico, segundo a polícia da Catalunha, que conduziu as investigações.

Apesar da condenação, a família sustenta a versão alegada inicialmente pelo jovem à polícia, de que ele viajava de férias e não sabia dos planos do grupo.

— Meu filho não tem do que se arrepender porque não fez nada de errado. Ele estava só viajando de férias — disse em entrevista ao GLOBO a mãe de Kayke, Amaurinda Ribeiro, ao saber da sentença.

Amaurinda afirmou que o advogado da família vai recorrer da decisão. Historicamente, a Justiça espanhola costuma negar reversões de pena em casos de terrorismo. Além disso, o caso foi julgado pela Audiência Nacional, a mais alta corte da Justiça na Espanha e responsável por casos de terrorismo.

Desde que Madri sofreu, em 2004, um atentado simultâneo em trens e metrôs da cidade — o ataque jihadista mais letal até hoje na Europa, com 190 mortos —, a polícia e os serviços de inteligência espanhóis montaram um dos maiores sistemas de investigação de terrorismo de toda a União Europeia.

Desde o ataque — na época reivindicado pela rede terrorista al-Qaeda em represália à participação da Espanha na guerra do Iraque —, a Espanha não havia sofrido atentados até o ano passado.

Em agosto de 2017, um membro de uma célula terrorista também da região da Catalunha invadiu com uma van o passeio central das Ramblas, um dos principais pontos turísticos de Barcelona, atropelando mais de cem pessoas e matando 14.

O grupo ao qual Kayke pertencia também planejava ataques em Barcelona, de acordo com investigações do procurador-chefe da Audiência Nacional, Javier Zaragoza, autor da acusação contra o brasileiro.

Além de Kayke, outros nove homens — oito marroquinos e um espanhol — foram condenados na mesma sentença a penas que variam entre oito e dez anos de prisão.

Desde que foi detido, Kayke esperava a decisão da Justiça em prisão preventiva, em uma penitenciária de Leon, no oeste da Espanha.

A família fazia visitas mensais ao jovem, segundo a mãe, que também mora na cidade de Terrassa, ou Tarrassa, na Catalunha.

Segundo a polícia da região, Kayke se mudou para a Espanha com a família aos 12 anos. Em Terrassa, onde morava, se converteu ao islamismo e depois se radicalizou, ainda de acordo com as investigações.

A polícia afirma que ele planejava se unir às frentes de batalha do Estado Islâmico na Síria, onde receberia um salário. A família nega.