Farmacêutica pede autorização para pílula anti-Covid nos EUA
Resultados preliminares divulgados pela empresa mostraram que o molnupiravir reduziu em 50% risco de internações e mortes
A farmacêutica MSD (conhecida como Merck nos Estados Unidos e no Canadá) anunciou, nesta segunda-feira (11), ter solicitado autorização de uso emergencial para seu medicamento via oral anti-Covid nos EUA, um grande passo na busca de um tratamento para a doença.
A MSD apresentou o pedido para o molnupiravir, “um medicamento antiviral oral experimental, para o tratamento de Covid-19 de leve a moderada em adultos que estejam em risco de avançar para Covid-19 grave e/ou internação”, disse a empresa, em um comunicado.
O laboratório acrescentou que trabalha “com agências reguladoras do todo mundo para submeter solicitações de uso emergencial, ou autorização de comercialização, nos próximos meses”.
“O impacto extraordinário desta pandemia exige que avancemos com uma urgência sem precedentes”, afirma o CEO e presidente do laboratório americano, Robert Davis, em declarações incluídas no comunicado.
Wendy Holman, CEO da Ridgeback Biotherapeutics, parceira da MSD, considerou o pedido “um passo fundamental para tornar o molnupiravir disponível para pessoas que podem se beneficiar de um medicamento antiviral oral que possa ser tomado em casa, logo após o diagnóstico da Covid-19”.
MSD e Ridgeback conduziram um ensaio clínico entre cerca de 770 pacientes. Deste universo, em torno de metade recebeu um tratamento de cinco dias da pílula, e o restante, um placebo.
Todos os pacientes tinham Covid-19, com sintomas que se desenvolveram nos cinco dias seguintes à designação para os respectivos grupos.
Dos pacientes que receberam molnupiravir, 7,3% foram hospitalizados, em comparação com 14,1% daqueles que receberam placebo, representando uma redução do risco relativo de cerca de 50%.
Não houve mortes entre aqueles tratados com molnupiravir, em comparação com oito, no segundo grupo. Os resultados foram convincentes o suficiente para que um comitê independente de supervisão de dados, em consulta com a FDA (a agência reguladora americana do setor de alimentos e remédios), decidisse interromper o estudo prematuramente.
As empresas afirmaram que a eficácia é a mesma contra todas as variantes, inclusive a delta, mais contagiosa, e que o medicamento é seguro.
Especialistas ressaltam, porém, que não é uma cura milagrosa. Deve complementar as vacinas, não substituí-las.
No comunicado, a farmacêutica MSD informou que espera produzir 10 milhões de tratamentos até o final de 2021.
Os EUA já compraram 1,7 milhão desses tratamentos com molnupiravir, prevendo sua aprovação, com opção de comprar mais.
A agência global de saúde Unitaid informou, por sua vez, que trabalha com uma parceria chamada ACT-Accelerator para garantir o fornecimento para países de rendas baixa e média.
Os antivirais, como o molnupiravir, atuam reduzindo a capacidade de reprodução do vírus, o que desacelera a doença. O uso desta droga pode ser duplo: tanto para evitar que os infectados apresentem sintomas graves, quanto para evitar que aqueles que estiveram em contato próximo desenvolvam a doença.
MSD acrescentou que também está realizando um ensaio clínico para verificar sua eficácia para o segundo uso.
Como o mercado é potencialmente grande, vários laboratórios se posicionaram nesse nicho.
No momento, a Pfizer está testando seu próprio tratamento antiviral, chamado PF-07321332, em milhares de pessoas –tanto para avaliar sua eficácia em quem já foi infectado pelo coronavírus, quanto naquelas que tiveram contato com quem contraiu a doença, para evitar que desenvolvam sintomas.