Julgamento

‘Fui uma boneca de pano’, diz francesa estuprada por mais de 50 homens a mando do marido

“Fui sacrificada no altar do vício. Eles me tratavam como uma boneca de pano, como um saco de lixo”, disse Gisèle

Na última quinta-feira (5), a francera Gisèle Pélicot depôs pela primeira vez no julgamento do ex-marido dela, Dominque Pélicot, acusado de dopá-la para que outros homens (mais de 50) pudessem estuprá-la. O julgamento acontece na cidade de Avignon.

“Fui sacrificada no altar do vício. Eles me tratavam como uma boneca de pano, como um saco de lixo”, disse Gisèle. Além do ex-marido, que já confessou ser culpado de todas as acusações, os outros homens envolvidos nesses crime bárbaro (que têm entre 26 e 74 anos) estão sendo julgados e enfrentam penas de até 20 anos de prisão. Alguns réus negaram as acusações, alegando terem sido manipulados por Dominique.

Gísele, ao depor, defende a tese de que todos são culpados, inclusive porque não denunciaram a situação à polícia. “Que eles reconheçam os fatos, o contrário é insuportável. Estes senhores permitiram-se entrar na minha casa, não me violaram com uma arma apontada à cabeça. Estupraram-me com toda a consciência. Por que não foram à delegacia? Até um telefonema anônimo poderia salvar minha vida”.

Os crimes e estupro teriam começado em 2011 e seguido ao longo de uma década. A violência em série cessou apenas no final de 2020. A investigação aponta que o ex-marido convidava homens pela internet para abusar de sua esposa e estabelecia regras rígidas para os encontros. Os suspeitos precisavam, por exemplo, tirar a roupa na cozinha e esperar que Gisèle estivesse completamente inconsciente antes de iniciar o ato.

O julgamento deve durar até dezembro e, nas próximas semanas, mais réus e especialistas serão ouvidos para esclarecer a complexidade do caso.