Fundos da BlackRock e do HSBC aumentaram participação na Evergrande apesar da crise iminente
Fundos administrados pela BlackRock e pelo HSBC ampliaram suas posições em títulos da Evergrande meses…
Fundos administrados pela BlackRock e pelo HSBC ampliaram suas posições em títulos da Evergrande meses antes que uma crise de liquidez na incorporadora imobiliária chinesa a levasse à beira do calote.
Em agosto, a BlackRock adquiriu cinco títulos denominados em dólares diferentes da Evergrande, por meio de um de seus fundos de alto rendimento, cujas posições na incorporadora de imóveis valiam na época US$ 18 milhões, de acordo com dados da Morningstar.
O tamanho dessa posição aumentou acentuadamente este ano, com o crescimento do valor dos ativos sob administração do fundo.
A maior administradora de investimentos do planeta tinha uma exposição total à Evergrande de quase US$ 400 milhões em todos os seus fundos, de acordo com dados compilados pela Bloomberg com base em prestações de contas referentes a junho, julho e setembro.
Um fundo de alto rendimento operado pelo HSBC também foi comprador líquido de títulos de dívida da Evergrande em julho, e elevou sua fatia de títulos de dívida da empresa em 38% de fevereiro para cá, à medida que o fundo aumentava de tamanho, demonstram dados da Morningstar, ainda que o valor de sua exposição total tenha caído para US$ 31 milhões ao longo do período devido à queda no preço dos títulos.
Fundos da BlackRock e do HSBC aumentaram participação na Evergrande: muitos investidores expostos
Os dados destacam a disposição de alguns dos maiores investidores nos títulos offshore da Evergrande de continuar a expandir suas posições mesmo depois que os preços começaram a cair, nos estágios iniciais de uma crise de liquidez que agora está afetando os mercados internacionais.
É provável que numerosos investidores tenham pelo menos alguma exposição à Evergrande, porque os títulos da empresa são componentes importantes dos índices que acompanham os títulos de dívida denominados em dólar de companhias asiáticas.
Os papéis de dívida do grupo negociados em mercados offshore respondem por apenas uma pequena proporção de suas obrigações muitos maiores junto aos credores e a empresas, que atingem os US$ 300 bilhões, o que significa que a exposição mais ampla desses administradores de ativos continua limitada.
A BlackRock se recusou a comentar sobre seu investimento em títulos de dívida da Evergrande. A unidade de administração de investimento do HSBC declarou que “como no caso de muitos setores nos quais investimos, acompanhamos de perto os desdobramentos no setor imobiliário”.
Os títulos da incorporadora de imóveis mais endividada do planeta vêm sendo negociados há diversas semanas a preços de crise, enquanto a companhia tenta evitar o calote nos pagamentos de juros sobre títulos offshore que vencem na quinta-feira.
Um título denominado em dólares e com vencimento no ano que vem está sendo negociado por menos de 30% de seu valor de face, ante perto de 100%, em maio.
A S&P Global Ratings antecipa que a companhia recorra a um calote esta semana e estima que ela tem quase US$ 20 bilhões de títulos denominados em dólares em circulação, emitidos por duas subsidiárias offshore.
A Ashmore, especialista em investimento em mercados emergentes, tinha a maior exposição, detendo mais de US$ 400 milhões desses títulos no final de junho, de acordo com dados compilados pela Bloomberg, enquanto o banco UBS tinha quase US$ 300 milhões em exposição a títulos da Evergrande nos finais de abril, maio, junho e julho. A Ashmore e o UBS se recusaram a comentar.
Em nota aos seus clientes na semana passada, o UBS afirmou que “continuamos a manter títulos da Evergrande em fundos de vencimento fixo porque abandonar a posição a esta altura remove qualquer ‘opcionalidade’ em torno de uma retomada bem sucedida da atividade de construção, assistência financeira externa ou ajuste de política, nos próximos meses, e os títulos da Evergrande estão sendo negociados agora em valores históricos típicos de recuperação, ou abaixo deles”.
A Evergrande é a mais conhecida das incorporadoras imobiliárias chinesas nos mercados financeiros internacionais. O setor tem endividamento pesado e dependeu pesadamente dos mercados asiáticos de títulos denominados em dólar, ao longo dos últimos 10 anos, mas agora está sob pressão de Pequim para reduzir suas dívidas.
Nas primeiras semanas do terceiro trimestre, os investidores começaram a aumentar suas apostas contra os títulos da Evergrande quando os preços começaram a despencar depois de uma onda de más notícias, entre as quais congelamentos de depósitos e suspensão de projetos pelas autoridades locais, o que foi seguido pela invasão da sede da empresa em Shenzhen por uma multidão de investidores de varejo furiosos, na semana passada.
A companhia vem atraindo escrutínio do mercado há muito tempo por sua carga de dívidas, a maior de qualquer empresa imobiliária do planeta.
“Proibi qualquer pessoa [que trabalhe para mim] de tocar títulos de dívida ou ações da Evergrande pelos próximos 20 anos”, disse o presidente-executivo de um fundo privado de ações em Hong Kong. “Sempre foi óbvio que era uma empresa de altíssimo risco, e que tudo terminaria repentinamente e em lágrimas”.