COVID-19

Governo da Inglaterra relaxa isolamento e libera abraços

Segundo premiê inglês, sacrifício de todos no lockdown permite ao país entrar numa fase em que cada um toma sua 'decisão informada', mas contatos deve ser feitos 'com cautela'

Governo de Boris Johnson afundou em crise após renúncia de dois dos principais ministros (Foto: Redes sociais)

Abraços em pessoas próximas serão liberados na Inglaterra, afirmou o primeiro-ministro Boris Johnson nesta segunda (10), o primeiro dia sem mortes por Covid-19 registradas desde julho do ano passado.

De acordo com o premiê, “orientações sobre como encontrar a família e amigos serão atualizadas, e o público poderá tomar decisões pessoais informadas sobre o contato próximo, como abraços”.

As recomendações sobre distanciamento social serão anunciadas na próxima segunda, mas Boris afirmou que, “graças ao sacrifício dos que fecharam seus estabelecimentos e ficaram em casa”, a Inglaterra estava entrando agora numa fase em que “cada um assumirá as responsabilidades por seus atos, sem seja o governo a dizer o que se pode e não fazer”.

“É preciso apenas saber que abraços são uma forma de transmitir o vírus, e ponderar se quem você quer abraçar corre riscos. Já foi vacinado? Tomou as duas doses? Já houve tempo para desenvolver defesas?”, disse ele durante o anúncio.

A uma pergunta sobre se ele estava ansioso para voltar a abraçar as pessoas, Boris respondeu que “quem quer que ele abrace, o fará com cautela e moderação”.

Com a pandemia progressivamente sob controle na Inglaterra, o governo anunciou que cinemas, teatros e hotéis vão reabrir, e bares e restaurantes poderão receber clientes em seus salões a partir da próxima segunda (17).

Até seis pessoas de duas famílias diferentes podem se reunir em casa, e, ao ar livre, o máximo foi ampliado para 30 pessoas.

O premiê preferiu não responder a uma pergunta do público sobre quando ele voltaria a apertar as mãos — no começo da pandemia, quando Boris ainda minimizava o perigo da Covid-19 e medidas de restrição de contágio, ele declarou em público que “estava apertando as mãos de todo mundo”. Nesta segunda, respondeu apenas: “Vamos detalhar claramente os riscos, e cada um tomará suas decisões”.

Boris afirmou que a passagem da Inglaterra para uma nova fase de relaxamento é possível porque o país continua cumprindo as quatro condições estabelecidas: vacinação crescente, contágio em queda, hospitalização decrescente e variantes sob controle.

Primeiro país a aprovar o uso de imunizantes contra o coronavírus e lançar campanhas de vacinação em massa, o Reino Unido já deu ao menos a primeira dose a 66% de sua população adulta (52% da população total) e um terço dos adultos já tomaram as duas doses, o que equivale a mais de 15 milhões de pessoas só na Inglaterra.

De acordo com o governo britânico, os números do país mostraram que uma única dose da vacina de Oxford/AstraZeneca reduziu entre 55% e 70% os casos de Covid-19 sintomáticos e de 75% a 85% as hospitalizações e mortes. Dados preliminares mostram uma queda de até 95% após a segunda dose da vacina.

Com isso, o país se destacou de outras grandes nações da Europa no combate à pandemia. Na semana passada, sua taxa de contágio era 15% da da Alemanha, o mais rico país europeu, e o índice de mortes em relação à população estava em um décimo do do alemão. O número de doentes hospitalizados, que bateu nos 40 mil em janeiro deste ano, caiu a 1.152 na semana passada.

Segundo o diretor médico da Inglaterra, Chris Witty, outras variantes que não a B.117 (identificada na cidade inglesa de Kent) são menos de 5% do total no momento, mas o governo está seguindo de perto uma das sublinhagens notificadas pela Índia, a B.1617.2.

Embora só 520 casos dessa variante tenham sido sequenciadas no país, esse número vem crescendo, de acordo com Witty. Na semana passada, o governo britânico a classificou como “variante de preocupação”. Nesta segunda, a líder técnica da OMS Maria Van Kerkhove disse que informações preliminares indicamque a B.1617.2 é mais contagiosa que o coronavírus original.

Apesar dos novos relaxamentos, Patrick Vallance, principal conselheiro científico de Boris Johnson, afirmou que ainda é cedo para dizer se este foi o último confinamento na Inglaterra: “Em meados de junho, teremos uma ideia melhor do impacto dessas medidas. Mas sabemos que as vacinas estão tendo um grande impacto. As coisas estão apontando na direção certa”.

O governo britânico afirmou não descartar um reforço de vacinação contra Covid-19 no próximo outono do hemisfério norte (a partir de setembro).

Com a proximidade do verão, outros países europeus também começaram a relaxar suas restrições de circulação e contato social, embora suas campanhas de vacinação ainda estejam atrás da britânica e seus números de casos de Covid-19 e mortes, bem superiores.

Nesta segunda, a Irlanda anunciou que reabrirá na segunda as lojas não essenciais e, a partir de 2 de junho, hotéis e hospedarias. Todos os pubs e restaurantes poderão servir ao ar livre a partir de 7 de junho.

A meta do governo irlandês é que 80% das pessoas recebam a primeira injeção até o final de junho – no momento, essa fatia está em 26%.

A Alemanha liberou na semana passada e, neste final de semana, a Espanha encerrou seu estado de emergência e a Bélgica reabriu bares e restaurantes fechados desde o ano passado.