Grécia registra confrontos em manifestações contra violência policial
Violência teve início após marcha em memória de jovem assassinado há 14 anos
Policiais e manifestantes se enfrentaram nesta terça-feira (6) em cidades da Grécia após a realização de marchas em protesto contra o assassinato de um adolescente pelas forças de segurança há 14 anos. Não há informações sobre feridos ou detidos nos confrontos.
Centenas de manifestantes marcham anualmente no país em memória de Alexandros Grigoropoulos, morto em 2008 quando tinha 15 anos. Segundo a polícia, ele foi atingido por tiros disparados pelo soldado Epaminondas Korkoneas no momento em que atirava pedras contra uma viatura policial. O advogado de defesa argumenta que o militar não mirou diretamente o adolescente —o que é contestado por testemunhas, que ainda destacam o fato de que o jovem estava desarmado.
As marchas deste ano foram autorizadas pelo Parlamento. Em Atenas, o protesto terminou perto do bairro de Exarchia, onde Grigoropoulos foi morto. Após o ato, que reuniu centenas de pessoas e foi pacífico, manifestantes encapuzados atiraram coquetéis molotov contra a tropa de choque, que respondeu com bombas de gás lacrimogêneo. Confrontos também eclodiram em Thessaloniki, no norte da Grécia.
Aproximadamente 4.000 policiais foram mobilizados para monitorar a marcha em Atenas. Durante o ato, os soldados formaram cordões de isolamento próximo ao Parlamento e de empresas no centro da cidade. Um helicóptero da polícia foi usado para acompanhar a manifestação.
Os manifestantes gritaram repetidas vezes a frase “tirem as mãos de nossos corpos”. Neste ano, também protestaram contra um policial que atirou, nesta segunda (5), em um jovem de 16 anos de etnia cigana. Ele foi ferido na cabeça e está internado em um hospital em Thessaloniki.
A polícia diz que o adolescente abasteceu um caminhão e saiu do posto de gasolina sem pagar. Ele foi alvejado durante uma perseguição —o policial acusado de ter feito o disparo foi detido. O episódio provocou protestos de grupos ciganos e aumentou a tensão para a marcha desta terça.
Em 2008, a morte do adolescente Grigoropoulos desencadeou uma onda de distúrbios em todo o país, com diversos confrontos entre a polícia e manifestantes.