Há 95 anos, Hitler publicava o livro que deu início a paranoia nazista
No livro, há ideias de Adolf Hitler sobre a superioridade da raça ariana, as intenções contra os judeus e as minorias étnicas e até o sentimento de revanchismo contra a França
Muito antes de a Segunda Guerra Mundial (1939-45) começar, Adolf Hitler escreveu e lançou em 18 de julho de 1925 o livro “Mein Kampf” (Minha luta). Já estavam lá suas ideias sobre a superioridade da raça ariana, as intenções contra os judeus e as minorias étnicas e até o sentimento de revanchismo contra a França, que havia derrotado a Alemanha na Primeira Guerra Mundial.
O livro trazia ainda estudos sobre estratégia militar, e já falava na construção da “Grande Alemanha” e da expansão para o Leste, ponto certeiro da construção do Reich. As ideias de Hitler acabaram levando o mundo a testemunhar o extermínio de milhões de pessoas em campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra.
Hitler escreveu o livro na prisão, depois da frustrada tentativa de golpe de estado em Munique, no episódio “Putsch da cervejaria”, em 8 de novembro de 1923. Ele foi condenado a cinco anos, mas teve a pena reduzida para nove meses. Ao escrever o livro, queria que o título fosse “Quatro anos de luta conta mentiras, estupidez e covardia”, mas o editor do Partido Nazista o trocou. Quando Hitler se tornou primeiro-ministro, as tiragens anuais do livro passaram a ser de milhões de exemplares.
No dia 25 de abril de 2012 O GLOBO noticiou que a Alemanha voltaria a publicar em 2016, sete décadas após o fim da Segunda Guerra Mundial e a morte de Adolf Hitler, o livro “Mein Kampf” (“Minha luta”), que contém parte das memórias e as linhas gerais do pensamento do ditador nazista. A ideia era divulgar uma edição comentada da obra, inclusive com uma versão simplificada para ser usada nas escolas. Apesar de defender ideias antissemitas, muitas das quais serviram de inspiração para o Holocausto, “Mein Kampf” não era proibido na Alemanha. Sua publicação, foi, porém, vetada constantemente nos últimos 70 anos pelo governo do estado da Baviera, detentor dos direitos sobre a obra desde o fim da guerra. Os direitos expiraram no fim de 2015, e o governo bávaro queria se antecipar à publicação de edições comerciais, que poderiam ser usadas como propaganda neonazista, e desmitificar o livro a partir de comentários críticos.
No início de 2017, as vendas de uma edição especial do livro dispararam desde sua publicação um ano antes. Cerca de 85 mil exemplares foram comercializados na Alemanha, levando o livro ao primeiro lugar da lista de não-ficção da revista “Der Spiegel” em abril, o que é apontado pela imprensa local como um sinal de que a propaganda xenófoba e racista está encontrando respaldo entre uma parcela do público no país.
No Brasil podemos encontrar a edição on-line traduzida para o português. Em 2016 o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro proibiu a comercialização, exposição e divulgação de “Minha luta” de Adolf Hitler, em todo o estado, conforme decisão do juiz Alberto Salomão Junior, da 33ª Vara Criminal do Rio.