Harvard se beneficiou da escravidão e doa US$ 100 milhões para reparação histórica
A Universidade Harvard criará um fundo de US$ 100 milhões (R$ 498 milhões) para investir…
A Universidade Harvard criará um fundo de US$ 100 milhões (R$ 498 milhões) para investir em políticas de reparação do racismo que a própria instituição ajudou a perpetuar. O anúncio foi feito pelo presidente da entidade, Lawrence Bacow, na última terça-feira (26), em email a todos os alunos.
A mensagem acompanhava relatório produzido por um comitê criado para apurar o legado da escravidão na universidade. Segundo o documento, houve trabalho escravo no campus da instituição, que também se beneficiou do comércio de escravos e de negócios ligados à exploração de pessoas negras mesmo depois de a prática ser proibida no estado de Massachusetts, em 1783 —147 anos após a fundação de Harvard.
O relatório ainda documenta a exclusão de estudantes negros e a defesa do racismo por acadêmicos da universidade. O grupo que apurou a história da escravidão em Harvard foi presidido por Tomiko Brown-Nagin, reitora do Instituto Radcliffe para Estudos Avançados e especialista em direito constitucional.
Embora a instituição tenha figuras notáveis entre abolicionistas e no movimento dos direitos civis, a investigação aponta que “a instituição de ensino superior mais antiga do país ajudou a perpetuar a opressão e a exploração racial da época”. Os autores do relatório recomendam oferecer aos descendentes de pessoas escravizadas em Harvard apoio educacional e outros tipos de auxílio, para que eles “possam recuperar suas histórias, contar suas histórias e buscar conhecimento empoderador”.
O estudo também recomenda que a instituição financie programas para levar a Harvard alunos e professores de universidades historicamente mal financiadas e, no sentido oposto, estudantes e acadêmicos de Harvard para faculdades historicamente negras, como a Universidade Howard.
O fundo de US$ 100 milhões será usado para levar a cabo as recomendações do relatório, afirmou Bacow, e já foi autorizado pelo conselho de administração da universidade. “A escravidão e seu legado fazem parte da vida americana há mais de 400 anos”, escreveu ele. “O trabalho de corrigir ainda mais seus efeitos persistentes exigirá nossos esforços constantes e ambiciosos nos próximos anos.”